"Durante muito tempo, as mulheres em muitas partes do mundo sentiram que não podiam falar sobre essas coisas, porque as pessoas não acreditariam nelas e porque haveria muitas consequências para elas", disse. Escritora de vários livros premiados, incluindo "Meio Sol Amarelo", "Hibisco roxo" e "Americanah", ela tem incansavelmente feito campanha contra a desigualdade de gênero. Sua conversa " Todos devemos ser feministas", no TEDx em 2012, foi vista mais de quatro milhões de vezes e inspirou um livro de mesmo nome.
Chimamanda, que separa seu tempo entre a Nigéria e os Estados Unidos, disse que o movimento #MeToo também provocou um debate na África - embora não tanto quanto no Ocidente. "Eu sei que na Nigéria as jovens seguiram as notícias e também sei que, de repente, algumas começaram a falar sobre suas próprias experiências", comentou, trazendo como exemplo a história de uma mulher que recentemente postou no Facebook sobre um tutor que a importunava sexualmente na faculdade de medicina. "Falar sobre isso abertamente e nomear o citar um homem que era professor... isso é muito incomum. É apenas uma história, mas para mim algo simbólico do que esse movimento produziu", argumentou.
Ser feminista na África significa estar disposto a ir contra a convenção, conforme a autora. "Há muitas mulheres no continente africano que são feministas, mas que não usam a linguagem ocidental, que nem sequer se chamam de feministas, mas na forma como vivem suas vidas o são, porque se consideram plenamente humanas e plenamente iguais", reconheceu. Isso inclui "mães solteiras que deixam casamentos abusivos, apesar de terem muita pressão familiar para permanecer", bem como "escolher ser ambiciosa e não se desculpar por isso".
AFP