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Verão

Especial

Mundo da música pop reflete transtornos da saúde mental

Os distúrbios mentais não são novidade na vida dos artistas, diversos acabam sucumbindo por tamanha pressão a que são submetidos

O artista Stromae no clipe de sua música 'L’enfer' | Foto: Reprodução / YouTube

O cantor belga 'Stromae' causou sensação recentemente no telejornal de maior audiência na França, ao falar, de modo aberto, sobre sua difícil depressão e sobre as ideias de suicídio que teve nestes últimos tempos.

"L'enfer" (Inferno) foi a música de Stromae em um horário de audiência máxima na França. Um grito para chamar a atenção para os transtornos mentais gerados pela pandemia da Covid-19, ou pela pressão da popularidade de diversas estrelas pelas redes sociais.

"Tive pensamentos suicidas e não me orgulho disso", cantou o artista, abatido por uma longa doença agravada pela chegada da Covid-19.

Os transtornos mentais não são novos na música pop. São o que levou a estrela do blues Janis Joplin a uma ovedose de droga fatal, em 1970; ao suicídio de Kurt Cobain do grupo Nirvana, em 1994; e à longa luta com a esquizofrenia de Brian Wilson, o criador dos 'Beach Boys'.

No início do rock and roll e durante décadas, os músicos se esconderam sob a imagem de 'artistas torturados'. Em um mundo constantemente controlado pelas redes sociais, porém, as novas gerações preferem abordar esses problemas de forma direta.

É o caso de Lady Gaga e sua estreia difícil como artista, de 'Billie Eilish e suas angústias adolescentes'; de Adele e seus problemas com o álcool.

Entre 2017 e 2019, vários suicídios provocaram a desolação de fãs e do setor musical: a estrela da música eletrônica Avicii; Keith Flint, de 'The Prodigy'; Chris Cornell, do 'Soundgarden'; Chester Bennington, do grupo 'Linkin Park'.

"Todos eles morreram em menos de três anos", afirma Rhian Jones, jornalista britânico que escreveu o livro 'Sound Advice' ('Bom conselho', em tradução literal) para ajudar os músicos.

"A indústria não pode mais ignorar sua responsabilidade sobre a saúde de seus artistas, ou negar a existência de pressões específicas que acompanham uma carreira musical", acrescenta.

Estudos alarmantes

Vários estudos comprovaram o nível de depressão, ou transtornos mentais sofridos por músicos profissionais, acima da média de muitos outros setores.

O 'INSAART' (Institut de soin et d'accompagnement pour les artistes et techniciens), um órgão francês que fornece ajuda psicológica a artistas e técnicos, afirma que 72% dos entrevistados em um desses estudos apresentavam sinais de depressão, em comparação com a média de 12% da população em geral.

Outro estudo feito na Austrália diz que uma carreira musical plena pode chegar a reduzir a expectativa de vida em 20 anos.

O temperamento dos artistas desempenha um papel nada desprezível no momento de se lançar no mundo da música e enfrentar esses riscos. Mas, muito além do estrelismo, nos bastidores, os músicos profissionais sofrem a falta de segurança trabalhista, as turnês incessantes, as longas jornadas de trabalho e demais imprevistos a que são submetidos.

"A música tem a fama de ser um trabalho apaixonante, então resiste essa ideia de que eles têm que agradecer, e não reclamar", explica a psicóloga e ex-manager Sophie Bellet, que ajudou a organizar a pesquisa do 'INSAART'.

'Irna', uma cantora do Camarões que se estabeleceu na França, confessa que o pior momento é quando uma turnê acaba.

"Quando a turnê acaba, você se pergunta 'por que estou aqui?' Você se sente perdido em meio aos instrumentos. Não é uma vida real", lamenta.

AFP