A utilização dos contos infantis como mediadores na terapêutica de crianças que sofrem algum transtorno psicopatológico, principalmente quando ligados a situação de abandono e separação, é o que aborda a edição revista e ampliada de “O Terapeuta e o Lobo” (Artmed), escrito pelo psicanalista Celso Gutfreind. O lançamento será hoje em Porto Alegre, a partir das 18h, no Instituto Ling (João Caetano, 440).
O olhar de Gutfreind traz importantes reflexões para a atuação dos profissionais de saúde mental nas escolas e na clínica. Seu livro é o resultado de pesquisa com base teórica e prática, desenvolvida com crianças de abrigos e lares públicos na França. A metodologia do escritor aplicada por meio do “ateliê de contos” gerou benefícios significativos para as crianças, entre eles o estímulo às atividades de simbolização, verbalização e representação, que antes eram deficientes.
Segundo Gutfreind, os contos evocam aspectos importantes da vida das crianças, pois lhes oferecem soluções no plano da imaginação estimuladas pela narrativa. Elas se veem nos contos por meio de projeções e identificação com as personagens e conseguem, assim, expressar seus sentimentos de forma livre, seja em comentários, seja em desenhos, seja na interpretações das histórias.
Como resultado da pesquisa, o autor constatou que os contos, além de desenvolverem nas crianças verbalizações criativas, abrem espaços internos de criatividade que podem estar relacionados à melhora da saúde mental. A nova publicação recebeu polimentos e sintetizou alguns excessos acadêmicos sem perder a base científica. Além disso, Gutfreind acrescentou outras experiências desenvolvidas desde a primeira publicação.
O livro, que no decorrer dos anos ganhou notoriedade na área, é referência para trabalhos acadêmicos sobre o potencial terapêutico do conto. Com 36 livros publicados entre poemas, contos infantojuvenis e ensaios sobre humanidades e psicanálise, Gutfreind tem textos traduzidos para inglês, espanhol e chinês, e seus livros “Narrar, Ser Mãe, Ser Pai” e “Tesouro Secundário” foram editados na França.
Correio do Povo