A encenação foi criada a partir do texto “A Tempestade”, que Augusto Boal escreveu em 1974, em resposta ao texto homônimo de Shakespeare. Na ocasião, o autor estava no exílio, quando os movimentos sociais latino-americanos sofriam uma grande derrota, frente ao imperialismo dos EUA, sendo reprimidos pelas ditaduras. Dado o atual momento político brasileiro, de retrocesso dos direitos sociais e pela onda conservadora que assola a América Latina, o grupo resolveu montar a obra.
A história é vista pela perspectiva de Caliban, metáfora dos seres originários da América, dizimados e escravizados pelos colonizadores, representados por Próspero, tão perverso quanto os nobres europeus que usurparam o seu poder. A aliança entre Miranda, filha de Próspero e Fernando, príncipe de Napoles, se deu por interesses capitalistas. E Ariel aqui está a serviço da ordem constituída; sendo que Caliban, mesmo escravo, é o único que resiste.
Correio do Povo