Uma obra classificada como antissemita, exposta na Documenta de Kassel, uma feira de arte contemporânea, será coberta após pedidos de Israel e representantes judeus para que fosse retirada, anunciaram os organizadores nesta segunda-feira, dia 20.
É um novo golpe para esta feira que acontece a cada cinco anos e foi criticada nos últimos meses por antissemitismo.
A embaixada de Israel e os representantes dos judeus da Alemanha pediram nesta segunda-feira aos organizadores da feira que retirassem a obra.
A feira, que começou no sábado, contém uma obra que mostra um soldado com uma cabeça de porco, uma estrela de Davi e a inscrição "mossad" em seu capacete, em referência aos serviços secretos de Israel.
A obra também apresenta um homem com dentes grandes, cabelos encaracolados, um chapéu com inscrição nazista da SS e um cigarro na boca, lembrando caricaturas antissemitas de judeus ortodoxos.
A obra "apresenta claramente motivos antissemitas", disse no Twitter o diretor do Centro Anne Frank e professor da Universidade de Frankfurt, Meron Mendel.
Em comunicado, a embaixada israelense em Berlim observou que "elementos presentes em algumas das obras lembram a propaganda de Goebbels" difundida "no momento mais sombrio da história alemã".
"Devem ser retirados imediatamente da exposição", pediu.
"A liberdade artística termina onde começa a misantropia", disse por sua vez Josef Schuster, presidente do Conselho dos Judeus da Alemanha.
A ministra alemã da Cultura também criticou a mostra.
O coletivo palestino The Question of Funding, altamente crítico da ocupação israelense, faz parte da mostra deste ano.
Mas o grupo é acusado de estar ligado ao movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), que pede boicote a Israel por sua ocupação de territórios palestinos.
O BDS foi rotulado como "antissemita" pelo parlamento alemão em 2019 e não pode receber financiamento público. Metade do orçamento da Documenta vem do governo federal.
Documenta, um dos maiores eventos de arte contemporânea junto à Bienal da Veneza, expõe durante 100 dias obras de mais de 1.500 artistas e atrai um milhão de visitantes.
AFP