“Eu lido com crimes de menor potencial ofensivo, ou seja, crimes que qualquer pessoa pode cometer nas redes. Numa hora de alteração, a pessoa pode fazer crimes eventuais”, explicou Márcia, que também é coordenadora do curso de Direito Digital e redes sociais da Escola Superior da Magistratura da Ajuris. “Em nossa palestra, pretendemos falar sobre o comportamento que as pessoas assumem nas redes, muitas vezes achando que o que escrevem pode passar impune”, acrescenta.
A juíza disse ainda que qualquer internauta pode se envolver em crimes na rede. “Qualquer um. As pessoas por alguma razão passam a acreditar que o universo se reduz àquela bolha de determinada rede social. E perdem a noção, escrevendo barbaridades”, afirma. "E quanto mais likes ganham, mais se satisfazem, passando a ficar mais perigosas. Enfim, se acham grandes e poderosas nas redes, não conseguindo entender o quão nocivo é o que estão escrevendo”, lamenta.
“São pessoas que não conseguem estabelecer um senso crítico e um senso empático”, completa. Márcia Kern sugere dois livros para se entender um pouco mais do assunto: “Humilhado”, de Jon Ronson, e “O Que Aprendi Sendo Xingado na Internet", de Leonardo Sakamoto.
Leonardo Zanatta, por sua vez, esclarece que fake news é uma engrenagem de desinformação que se vale, hoje em dia, das redes sociais e meios eletrônicos para se disseminar. “Ela é nociva, validando uma desinformação”, ressalta. O advogado recorda que fake news sempre foram presentes na História, desde a época dos hunos. “Mas voltou a ter forte relevância na eleição do Trump nos EUA em 2017 e que acabou respingando aqui no nosso país, de forma extraordinária, na mais recente eleição presidencial”, analisa.
"Fake news é uma máquina potencialmente destrutiva”, lamenta, citando a obra sobre o assunto, o clássico “1948”, do britânico George Orwell. “Eu recomendo a leitura”, diz.
Correio do Povo