Voltando ao Brasil após 20 anos, o Teatro Negro de Praga chega a Porto Alegre neste domingo, após passar por Fortaleza, Natal, Rio de Janeiro e São Paulo. Popularizado na Europa, mistura luz negra, dança e circo e tem no elenco onze artistas. “Antologia - o Original Teatro Negro de Praga” é produzido por Jiry Srnec e reúne as melhores cenas da companhia, fundada em 1961, com apresentação única a partir das 20h, no Teatro do Bourbon Country (Túlio de Rose, 80).
Oriundo da República Tcheca, usa a luz negra (black light) para criar imagens surreais e mágicas, características da técnica, popularizada em Praga. Já participou de 77 festivais internacionais e fez mais de 250 apresentações, em mais de cem países. O Teatro Negro teve sua origem na China, onde as peças eram apresentadas em telas de projeção, com fundo de luz de velas. O moderno iniciou nos anos 50, usando as tecnologias da época, como projeção cinematográfica, iluminação e luz negra. Este tipo de montagem combinava o teatro tradicional com pantomima, dança e arte circense. “A Base do teatro negro está na obscuridade. Brincamos com a incapacidade do olho humano de ver preto sobre preto. Com esse efeito, fazemos todo efeito possível”, diz o diretor de 87 anos.
Nas cenas, um par de calças que passeia no varal enquanto uma mulher tenta pendurar as roupas e um homem que bebe a ponto de os postes da rua ficarem tortos como ele, passando a ampará-lo. A técnica remonta ao “black cabinet”, de George Méliès, e ao teatro, de Stanislavsky. Segundo Srnec, os artistas são visíveis no palco e também invisíveis, todos com treinamento em gestão do escuro. O grupo foi criado como alternativa à produção mais militante ou abertamente política, em período de regimes opressores, para ludibriar a ação de vigilância aos artistas pela União Soviética. Oferecer algo fantástico, para levar o público a um mundo lúdico é o mote.
Correio do Povo