person Entrar

Capa

Notíciasarrow_rightarrow_drop_down

Esportesarrow_rightarrow_drop_down

Arte & Agendaarrow_rightarrow_drop_down

Blogsarrow_rightarrow_drop_down

Jornal com Tecnologia

Viva Bemarrow_rightarrow_drop_down

Verão

Especial

RZO retorna aos palcos de Porto Alegre para mostrar que "o rap está vivo"

Grupo paulista se apresenta no bar Opinião nesta quinta a partir das 23h

DJ Cia diz que o RZO vai "fazer uma grande festa e tirar uma onda" com o público da Capital | Foto: Levi Cruz / Divulgação / CP
Se em 2014 o RZO, um dos nomes mais expressivos do rap nacional, retomou suas atividades com uma grande performance na Virada Cultural, faltava uma confirmação para o público gaúcho de que o grupo estava mesmo de volta. Nesta quinta-feira, eles selam qualquer dúvida sobre o retorno com um show de “reapresentação” em Porto Alegre. A Rapaziada da Zona Oeste sobe ao palco do bar Opinião (José do Patrocínio, 834) a partir das 23h para interpretar seus grandes sucessos, como “O Trem”, “O Mensageiro”, “Rolê na Vila” e “Você Já Sabe”, além de músicas recém saídas do forno e que vão formar o novo álbum da banda, ainda sem nome. Os ingressos custam R$ 60 e podem ser adquiridos pelo site.

Trabalhando em projetos individuais desde 2003, quando lançaram “Evolução é Uma Coisa”, DJ Cia, Helião, Sandrão, que se apresentam na Capital, além da cantora Negra Li, seguiram rumos distintos e tocaram projetos solo. Decidiram voltar a pedido, e por pressão, dos fãs. “Fiquei bons anos na mente dos caras. A cobrança era muito grande, e isso é muito bom de saber, porque nossas letras causaram impacto e as pessoas querem que a gente continue a apontar o dedo nas feridas”, conta DJ Cia. "Tem muito moleque novo que não conhece nada de rap, não só o RZO, não conhece um monte de gente que abriu caminho para essa gente que está aí hoje", justifica sobre a importância do retorno.

Para marcar a reunião, os artistas criaram um projeto de crowdfunding a fim de produzir um álbum. Pela plataforma Kickante, uma ferramenta inexistente quando surgiram música, eles arrecadaram R$ 18.030,00 para “alertar, através do nosso som, as pessoas de todos os problemas sociais e ambientais que o Brasil vive hoje”. “O rap está vivo e é isso que vamos mostrar neste nosso terceiro álbum, que com certeza vai marcar nossa história, comenta o paulista de 43 anos, para quem o rap tem o poder de transformar vidas. "Nesse período de instabilidade e injustiça social no qual o Brasil vive, é preciso mostrar sua força de resistência", afirma.

E é isso que o RZO faz na faixa “Jovens A Frente do Tempo”, quando canta contra a marginalização dos bairros mais pobres: “Nóis não quer morrer, nem matar / Se marcá não há mais tempo pra discutir / A zó tá de volta e nóis tamo apostando / As chances na roda-viva”. Surgido como um movimento de expressão artística e de contestação e empoderamento dos guetos de Nova Iorque durante os anos 1970, o rap sempre teve atrelado a essa função social. E Cia acredita que hoje esse gênero está muito mais difuso e é produzido por pessoas que nunca colocaram os pés na periferia e vivem outra realidade, cantando, assim, sobre ela.

Entretanto, ele, que já discotecou e abriu shows para nomes como Snoop Dogg, Lost Boys e Ja Rule, acredita que isso não representa necessariamente algo negativo. “O rap é sobre contar histórias, então a gente tem que aplaudir quem vai à luta pra cantar a sua. Nós estamos mais maduros, mais experientes, mas nossas letras sempre vão mostrar a realidade de onde a gente vive”, explica. Ele ainda diz que se a música for feita com respeito à origem do estilo e à cultura na qual surgiu inserida, é sempre bem-vinda para ajudar a divulgá-la.

Novo disco tem participação póstuma de Sabotage

A faixa “Neural”, do novo álbum, traz uma participação póstuma de Sabotage e é considerada o primeiro rap do mundo criado a partir da combinação de um processo de inteligência artificial e da intervenção humana. A ideia foi proposta pelo Spotify, que convidou o grupo paulistano para fazer parte do projeto.

Para conceber os versos da faixa, uma rede neural idealizada pela empresa brasileira Kunumi gerou novas rimas a partir da análise de letras e manuscritos deixados pelo cantor morto em 2003, aos 29 anos. As primeiras semanas de trabalho foram de configuração e treinamento da ferramenta tecnológica. Após a formação de sentenças pela máquina, familiares e amigos do artista as validaram.

Em outra sala, ao mesmo tempo em que a outra equipe trabalhava, as frases qualificadas como possíveis de serem expressadas por Sabotage inspiravam o RZO a criar a nova letra e a nova música. O processo seguinte foi finalizar a letra e entrar em estúdio. “Sempre fomos bastante inovadores e gostamos de fazer umas paradas inovadoras, então aceitamos o projeto”, comenta. Ele ainda conta que se sentiu privilegiado ao receber o convite, porque o respeito e admiração entre os artistas sempre foi mútuo.

Outro destaque do disco é a participação dos americanos do Bone Thugs-n-Harmony na faixa “Paz em Em Meio Ao Caos”. A Rapaziada da Zona Oeste conseguiu contato com os músicos de Cleveland, Ohio, por meio de um amigo produtor que iria trazê-los ao Brasil para uma série de shows. “Pensamos que seria louco e da hora uma parceria com eles, então propusemos essa ideia, o produtor curtiu, passou pros caras e eles aceitaram a parada”, conta Cia. A banda brasileira então enviou a proposta aos yankees, que por sua vez, mandaram a gravação com sua parte. Depois, se reuniram para gravar o clipe.

Cia também acredita que a música é uma das inúmeras maneiras de encontrar a tal paz em meio ao caos. “Tem muitas formas de fazer, tem gente que joga futebol, mas pra nós a melhor maneira é o rap. Ele é isso, tentar fazer refletir e ser maior que os problemas do mundo, mostrar que tem outras alternativas”, comenta. No conturbado momento político do país, o DJ conta que é justamente esse sentimento de esperança que o RZO vai trazer para o show na Capital. “As pessoas do Sul sempre curtiram bastante nossas músicas, e a nossa intenção é cantar os clássicos e as novas, fazer uma grande festa, tirar uma onda. Estão todos convidados”, finaliza.

Eric Raupp