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Verão

Especial

"Três Anúncios Para Um Crime" tenta ser uma jornada esperançosa, mas cai em armadilhas

Longa, que estreia nesta quinta-feira nos cinemas, traz Frances McDormand como protagonista

Frances McDormand interpreta Mildred, uma mãe que cobra respostas da polícia sobre a morte da sua filha | Foto: Divulgação / Fox Film / CP
"Três Anúncios Para Um Crime" despontou como o grande favorito da temporadas de premiações e, num momento feminista que toma conta de Hollywood e em boa parte da sociedade, é compreensível entender o motivo que trouxe o filme na frente de todos. Mildred (Frances McDormand) aluga três outdoors numa rodovia pouco movimentada para cobrar eficiência da polícia da pequena cidade de Ebbing, em Missouri, sobre o assassino e estuprador que matou a sua filha. Tal atitude faz com que a população fique contra esta mãe que tampouco está se importando com a opinião e sentimentos dos outros. Isto, claro, faz com que certas consequências aconteçam com Mildred e alguns poucos de quem ela ainda gosta. O episódio do estupro seguido de morte é um debate constante e é algo que acontece todos os dias, infelizmente, em qualquer parte do mundo. Logo, a busca por respostas da protagonista é outra discussão que o filme tenta justificar a todo custo com muitas situações aleatórias e inexplicáveis.

Os atos de Mildred, por muitas vezes, parecem tomados por uma vingança totalmente gratuita, como se ela tivesse o direito de atacar quem quer que fosse só por conta da sua situação. O que justifica logicamente a escolha de Frances McDormand para este papel que exige muito de uma postura extremamente firme. A atriz tem a sua marca característica de durona e rabugenta que enalteceram a sua carreira. E aqui, ela não está nem um pouco diferente do que já vimos. O que não é ruim, mas não há nenhum elemento surpresa que nos arrepie o bastante para acreditar nesta dor específica. Ao contrário de Frances, Sam Rockwell é quem definitivamente pisou no acelerador do policial Jason Dixon e o transformou na pessoa mais escrota que poderia existir. Possuído de preconceitos e palavrões, o ator entrega uma interpretação de um policial que tenta amenizar o caos com suas piadas racistas e inapropriadas. Ambos têm interpretações diferentes, mas extremas demais. Woody Harrelson está o típico policial como o xerife Bill Willoughby que quer conciliar o bem estar de todos e tenta proteger Mildred mesmo com a pressão dos outdoors. A sua presença é essencial para os conflitos e desperta a redenção de um dos personagens que rouba totalmente a atenção do público.

O longa dirigido por Martin McDonagh foge da narrativa clássica e nos conduz na história como se tivéssemos, literalmente, de passagem por aquela cidade e vamos embarcando nos desdobramentos das ações de Mildred. Entre um momento e outro, somos contextualizados da família desestruturada em que viviam mãe e filha, dos problemas da investigação, os dramas do xerife Bill Willoughby e das bizarrices do policial Dixon. Porém, tantos conflitos paralelos fazem com que o eixo central perca a força e nossas expectativas vão diminuindo conforme o desenrolar da história. O que de certa forma encaixa na nossa realidade onde inúmeros casos de estupros acontecem e ninguém é preso, ninguém é investigado e ninguém pode ajudar. Muitos menos em uma corporação predominantemente masculina. Mas ao mesmo tempo, o diretor esqueceu de ter um propósito maior, já que "Três Anúncios" não pode ser classificado nem como um filme-denúncia já que em determinado ponto, ele já não tem mais o que nos oferecer. "Três Anúncios Para Um Crime" está longe de ser uma jornada inspiradora para os acreditam na justiça feita com as próprias mãos, mas também mostra que a vida nunca vai ser justa com ninguém.

Confira o trailer:


Lou Cardoso