Às vésperas do Dia Internacional do Cooperativismo, celebrado no primeiro sábado de julho, queremos propor uma reflexão sobre este modelo que passou por muitas transformações ao longo dos anos. O movimento que iniciou com um grupo de tecelões na Inglaterra, ainda no século 19, se adaptou à realidade dos diferentes períodos da história, distintos setores econômicos e cenários sociais.
No início da década de 30, o setor vitivinícola da Serra Gaúcha passava por grandes dificuldades comerciais e buscava uma sobrevida para continuar a atividade trazida por imigrantes italianos à região. Foi assim que, em 1931, nasceu a Cooperativa Vinícola Aurora, fundada por 16 famílias, e que, hoje, 92 anos depois, está consolidada como a maior do país, com 1,1 mil associados e com uma produção que chegou a mais de 70 milhões de quilos de uva recebidos na safra 2023.
Mas não são os números que queremos exaltar e sim valorizar as pessoas que acreditam neste modelo e que são a razão de ser de uma cooperativa. Como já foi dito por nossos fundadores, uma “cooperativa não é constituída para oferecer vantagens individuais. Os direitos e os deveres devem ser compartilhados por todos os sócios, sem distinção. Seja no momento do sucesso, seja nas dificuldades”
A frase do padre Antônio Zatera, personagem central da formação da Aurora, e publicada no livro sobre os 85 anos da Aurora, escrito pelo viticultor Remy Valduga (in memoriam), resume o que é uma cooperativa. É muito mais do que plantar, cuidar da videira, colher e entregar a produção. É compartilhar sonhos, comemorar vitórias, mas também desafios que mudam assim como o clima, que vai de dias de sol às intempéries. Neste ano, passamos por dificuldades que nos fizeram voltar à origem de como começamos essa caminhada e para onde queremos ir no futuro. O que queremos é reafirmar os princípios do cooperativismo e o seu poder de transformação na vida de milhares de pessoas.
Renê Tonello