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Verão

Especial

Os judeus não andam de moto nem reagem proporcionalmente

Em meio ao conflito entre Israel e grupos extremistas, uma reflexão sobre a moral e os valores humanos.

Lembro, há alguns anos, de assistir a um programa em que o Larry King entrevistava um motoqueiro de um famoso reality show. O entrevistado, em meio à entrevista, indagou se ele, Larry King, andava de moto, ao que este disse: “Não, eu sou judeu”. O entrevistado fez uma cara de quem não entendeu e Larry completou: “Os egípcios, os romanos, os espanhóis, os alemães, todos estes povos, e mais alguns outros, quiseram nos matar. Você acha que eu colocaria deliberadamente mais um elemento de perigo nesta minha já arriscada vida?”.

Pois bem, parece que a nossa história se repete e agora quem quer nos matar são os fundamentalistas islâmicos. Aliás, ao que tudo indica, parece que estes querem destruir não apenas o povo judeu, mas todos aqueles que se enquadram no conceito de infiéis, conceito amplo que deve abarcar quase a totalidade da civilização mundial, com exceção deles próprios, certamente.

Ora, poder-se-ia dizer que a luta deles, em verdade, é por um Estado. Mas, contra essa falácia, a história nos mostra de que por todas as vezes em que lhes foi possibilitado um Estado (inclusive com a ONU, em 1947), foram justamente eles que não o aceitaram, sob argumentos vários, mas essencialmente por conta da impossibilidade de reconhecerem a existência de um Estado judeu.

De maneira pueril, e tentando explicar aos meus filhos o porquê algo tão simples (dois Estados) se torna tão complexo, tenho que lhes mostrar que, sem reciprocidade ou reconhecimento mútuo, nada sai do papel: “Ok, vocês terão um Estado. Mas eu terei condições de ter o meu?”. Ou, indo mais longe, e eventualmente aceitando que o povo judeu seja o único do mundo sem direito a um Estado: “Mesmo que eu não possa ter um Estado, terei direito de existir, ou a sua doutrina e fé exigem a minha extinção”?.

Quem já conviveu com o conflito em tempos passados sabe que as respostas para as indagações acima são negativas. Assim como se sabe, de antemão, que tão logo Israel revidasse, surgiria o estranho argumento da reação desproporcional do nosso Estado. E nisso me indago no que consistiria uma reação proporcional? Deveríamos procurar festas de jovens palestinos para retaliarmos? Deveríamos dizimar cidades com igual população? Ou, mais precisamente: deveríamos realizar um número proporcional de estupros, sequestros e decapitações em face do número absoluto de mortes?

Serve-me de alento, porém, saber que, não obstante a dor e as mazelas da presente guerra, estes fundamentalistas ficarão na história apenas como mais um dos tantos que tentaram nos destruir e não conseguiram. Assim como me serve de alento o fato de que se ainda não há um Estado democrático palestino, essa culpa não é nossa.

Por tudo isso, tenho que lhes informar que nosso exército não agirá de maneira proporcional, porque não nos rebaixaremos a um nível moral que justifique estupros, sequestros e esquartejamentos de inocentes: essa não é, nem nunca será, a nossa índole. Não agiremos de maneira proporcional porque é justamente a nossa moral e os nossos valores que nos fazem eternos.

E a verdade, triste mas real, é que enquanto os filhos desse fundamentalismo comemoram e se orgulham, junto aos pais, pelas vidas destruídas e pelo paraíso ilusório cheios de virgens que supostamente os espera, nós, judeus, continuaremos brindando à vida (“lechaim”) e comemorando a libertação de um só refém como se houvesse ocorrido a salvação de todo um mundo.

É por essa salvação, de um mundo que merece ser vivido, que todas as nações civilizadas, andem elas ou não de moto, devem lutar.

Daniel Barril