Foram experiências estáticas e furiosas. Outras foram velozes e ainda mais furiosas. Porque ao rugido e urro, se somava o que a altíssima velocidade traz: um misto de medo e volúpia. Num distante Salão de Detroit a Ford colocou dois Mustang Shelby, aqueles animais tão belos quanto selvagens, a rugirem. A aceleração máxima de dois V8, modificados para mais na potência, foi uma experiência única. Não foi somente o estande da Ford que tremeu, foi tudo do chão ao teto, pessoas e coisas.
Nos Estados Unidos, até hoje, há uma lenda sobre os shows dos ótimos Steppenwolf, a banda de rock que passou para imortalidade na fúria de “Born to be wild”, o hino dos Hells Angels. Quando os “lobos da estepe” tocavam, os amplificadores levitavam. Afinal, o sonoro e o sensorial estão casados há milênios. E o rock teve como fonte inspiradora veículos com som de trovão. E quem ouviu o som poderoso de um grupo de Harleys com Hells nos selins não esquece.
Hoje, nas ruas da cidade, chega antes o som da Ferrari que sugere que o mito fala mais alto. Mas na nova era os carros elétricos zunem. Um estudo realizado pela Universidade da Califórnia demonstra que uma pessoa deve estar 74% mais próxima a um carro elétrico para percebê-lo. Outro estudo da Guide Dogs for the Blind Association cita que cegos têm 50% mais chance de serem atropelados por carros elétricos. Este será um desafio: prover o carro elétrico de alguma personalidade sonora. Atualmente modelos como o Mercedes-Benz GT, Porsche Carrera e outros supercarros têm uma fração do som do motor enviado para a cabine. Especialistas em comportamento humano afirmam que a criação de sons específicos para carros elétricos será essencial para a sua aceitação ou rejeição.
Renato Rossi