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Verão

Especial

Atual e escandaloso

“Escândalo” apresenta figuras centrais na eleição de Donald Trump e uma denúncia que veio em momento crucial, tomando em conta influência das fake news neste processo.

| Foto: Paris Filmes / Divulgação / CP

Vale ficar atento às três indicações ao Oscar com as quais “Escândalo”, dirigido pelo vencedor do Emmy®, Jay Roach. se reveste enquanto chega às telas.  O filme compete na premiação de Hollywood do dia 9 de fevereiro nas categorias de Melhor Atriz para Charlize Theron, Melhor Atriz Coadjuvante para Margot Robbie, além de competir em cabelo e maquiagem. Na trama da produção, um gigante do telejornalismo e antigo CEO da Fox News, Roger Ailes (vivido pelo veterano John Lithgow) tem seu poder questionado e sua carreira ameaçada quando um grupo de mulheres o acusa de assédio sexual no ambiente de trabalho. Mas o tema não se resume a isso. O filme dialoga com inúmeros assuntos, incluindo imprensa, feminismo, eleições nos EUA e assuntos corporativos. Tudo baseado em um escândalo verdadeiro, dentro de um dos mais poderosos e controversos império de mídia, o da família Murdoch, da Fox.

Charlize Theron, por vezes irreconhecível, vive Megyn Kelly, uma poderosa e influente âncora da rede de televisão. É exemplo para várias mulheres e representa o sonho de muitas delas que ingressam na profissão. Nicole Kidman vive outra profissional da mesma empresa, Gretchen Carlson, mas com menos brilho do que a colega. Protagonizam uma história pulsante de mulheres que afrontaram um homem à frente deste império. Mérito do filme em dramatizar os eventos que tomaram conta da indústria do entretenimento a partir de 2016 com a explosão das denúncias contra o produtor de cinema Harvey Weinstein, processado por assédio sexual. Foi na carona deste fato, que ganhou a mídia mundial, que o longa dirigido por Roach e escrito por Charles Randolph se apressou em trazer à tona o conflito de forças que fez com que fosse tão difícil oficializar a denúncia contra o então magnata da Fox News, Ailes, encarnado por Lithgow.

A figura de Megyn Kelly inicialmente é apresentada como injustiçada e chega a “romper a quarta parede”, conversando com o espectador e apresentando lugares e comportamentos que ajudam a entender o universo midiático em que se insere. No final, ela passa por outros momentos que vão de traidora à heroína salvadora das mulheres oprimidas. A produção pode não aprofundar tanto as temáticas mais polêmicas, mas se torna relato impactante da luta de poder no universo em que se apresenta, e das pressões sofridas pelo feminino nas relações corporativas.

A personagem fictícia Kayla Pospisil, interpretada por Margot Robbie (que pode lhe render um Oscar pelo papel), é uma jovem conservadora ambiciosa, que entra nesta trama mesclando ingenuidade e hipocrisia, gerando crise e encarando uma necessária tomada de posição. Uma vez que se propõe a abordar Ailes e o império de Rupert Murdoch (Malcolm McDowell), “O Escândalo” apresenta fotografia e direção tradicionais, o que faz com que haja uma concentração na temática e nas atuações, mais do que nos efeitos cinematográficos. Cenas gravadas dentro da própria sede da emissora acabam por colocar o espectador dentro da estética televisiva. “Escândalo” apresenta figuras centrais na eleição de Donald Trump e uma denúncia que veio em momento crucial, tomando em conta influência das fake news neste processo.

Marcos Santuario