“A Guerra de Anna (Voyna Anny), dirigido pelo russo Aleksey Fedorchenko já começa angustiante, com a câmera mostrando vários corpos enterrados na terra. São judeus que foram fuzilados pelos soldados nazistas na Ucrânia invadida em 1941. Mas de repente, a terra vai se movendo, e aparece uma garotinha, Anna (Marta Kozlova), que teve o corpo protegidos dos disparos pela mãe. Agora ela está completamente só, em um território cercado por inimigos – os alemães e os moradores de Rostov, claramente antissemitas.
Anna busca ajuda na casa de camponeses que antes eram amigos. Mas eles a levam para uma escola local, que está ocupada pela SS. A garota foge, mas não sai da casa, se escondendo dentro da chaminé. E ali ela terá um refúgio. Durante o dia, Anna observa o movimento da sala, com estudantes, depois com soldados. À noite, ela sai do esconderijo e vasculha o amplo lugar, principalmente em busca de comida.
Como estivesse na selva, Anna vai se virando. Mata ratazanas para fazer iscas para os pombos, que assa. É avassalador acompanhar o dia a dia da menina judia, seja procurando por água, comida e sem ter contato humano nenhum.
O filme é da pequena atriz Marta Kozlova, cuja câmera acompanha e foca em seu rosto quase o tempo todo. A menina não tem uma fala no filme, mas com seus olhares e gestos transmite todo o desespero de uma criança, que conhece o pior da guerra, sem vê-la, mas nas sombras.
Chico Izidro