Baseado na peça “Uma Noite em Miami” (One Night in Miami), de Ken Powers, o filme homônimo dirigido por Regina King (a protagonista do seriado Watchmen), mostra o encontro entre quatro ícones afro-americanos no auge do movimento civil nos Estados Unidos, na década de 1960.
Após Cassius Clay (Eli Goree) ter derrotado Sonny Liston no Miami Convention Hall, em 1964, e se tornado campeão mundial dos pesos-pesados de boxe com apenas 22 anos, ele se reuniu com três amigos: o ativista Malcolm X (Kingsley Bem-Adir), o cantor e lenda do soul Sam Cooke (Leslis Odom Jr.) e o jogador de futebol americano Jim Brown (Aldis Hodge), para comemorar a vitória. Como ninguém sabe o que os quatro fizeram, Powers imaginou o encontro onde eles discutem a situação dos negros nos Estados Unidos naquela época. E o resultado é extraordinário. Transposto para as telas, a peça teatral é instigante e reflexiva.
Os diálogos são bastante afiados e fortes e levam o expectador a refletir sobre a questão racial, que hoje em dia voltou com toda a força, depois do bélico e retrógrado governo de Donald Trump. “Uma Noite em Miami” retrata um momento crucial na sociedade americana, da luta por igualdade dos afro-americanos. E Malcolm X seria assassinado no ano seguinte, em 1965, depois de deixar a Nação do Islã. E Sam Cooke, o rei do Soul e autor do hino “A Change is Gonna Come”, seria morto em dezembro daquele mesmo ano de 1964. Cassius Clay assumiria dias depois daquela noite sua conversão ao islamismo e mudaria seu nome para Muhammad Ali – ele morreria apenas em 2016, vítima do Mal de Parkinson. E Jim Brown segue vivo, aos 85 anos. Ele largaria o futebol americano profissional, onde é considerado o maior jogador de todos os tempos e viraria ator de cinema. Filmaço.
“Uma Noite em Miami” está disponível no Amazon Prime.
Chico Izidro