A tragédia de Brumadinho é o pesadelo que encharca as páginas dos jornais. Afoga vidas, perspectivas de futuro. Incomparável. Entretanto, acendeu a lembrança de uma reportagem que fizemos em janeiro de 2017. Vimos muitas casas das cidades de Rolante e Riozinho tomadas de lama.
Deslizamentos de terra e material orgânico provocaram a formação de barragens no rio junto aos bairros Mascarada e Alto Rolante. A chuva forte rompeu o barramento. Nesse caso, não houve a quem julgar. O tempo acordou em fúria. As catástrofes, quaisquer que sejam as proporções, evidenciam a força dos elementos da natureza. Vale também refletir sobre como lidamos com esta potência. A biologia, a física, a química.
E as ciências humanas, pois nada adianta dominar cálculos e conceitos se a memória dos outros desastres é fraca, se a ganância se sobrepõe à preservação da vida na sua forma coletiva. Consciência e responsabilidade valem muito mais. Não em cifras de dinheiro, mas pelo sossego de encostar a cabeça no travesseiro sem o sentimento de culpa. A engenharia que preserva o solo, os sorrisos, a existência.
Alina Souza