Toda construção requer paciência e força de vontade. Preparar o solo, construir alicerces, pilares e vigas. Não só um amontoado de tijolos e cimento: uma boa estrutura deve suportar o tempo, o peso e as reviravoltas. As paredes pedem aberturas, até mesmo a rigidez de uma edificação precisa respirar. Ímpetos de pressa e desistência talvez invadam a mente e dificultem o processo. Natural que existam dias opacos depois de períodos azuis. Surge então a urgência da pausa, do deslocamento, da celebração de etapas cumpridas. Depois, um novo arregaçar das mangas. Graças ao esforço, o traçado toma forma e nos transforma. Traz um sentido maior à existência. Inevitável que alguém pergunte quando terminaremos o serviço. Antecipar o futuro não nos interessa, vamos aos poucos. Ninguém sabe se amanhã ou depois surgirá a demanda de ampliar um espaço, aprimorar uma pintura, consertar um vazamento. Ou até mesmo demolir o que parece confortável, pegar o lápis, voltar à planta, refazer os planos. Afinal, estamos em obras. Permanentemente.
Alina Souza