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Mensagem de otimismo diante da pandemia do Coronavírus colada em prédio na rua Espírito Santo, em Porto Alegre. | Foto: Alina Souza

Quando eu me machucava, minha mãe dizia “calma, vai passar”. Com tais palavras, as feridas, hematomas e decepções doíam menos e significavam algo mais. A respiração alterada voltava ao fluxo normal e um esboço de sorriso surgia na face já refeita após o breve desespero. Um lampejo de lucidez. A mãe também aconselhava a não segurar o choro. Então eu deixava as lágrimas escorrerem até enfraquecerem. E me tornava mais forte. Conseguia resgatar um resquício de esperança que logo se transformava em uma torrente na qual eu embarcava rumo à aldeia dos sonhos. Meu esconderijo predileto. Até hoje, e sobretudo hoje, a frase “vai passar”, pronunciada com a voz acolhedora materna, permanece como alento quando a tristeza passeia à minha frente. A lembrança vem carregada de saudade. Perene, inviolável. Vida composta de fases, mas também de elos que perpassam estas etapas. Todo o resto que não está alicerçado no coração desbota, descola. A mão que afaga abranda o medo. Recorda que, amanhã ou depois, os objetos não estarão mais no mesmo lugar, e o que parecia insuportável, de súbito, silenciará.