O vazio perturba, mas também convida a encontrar o ponto de partida, a harmonia do essencial. Quando cessam os movimentos, resta a seta que indica o caminho rumo ao autoconhecimento. Direção necessária, sobretudo em meio à instabilidade. Sinalizações apontam a urgência de estar frente à frente consigo mesmo. Por mais que exista o desejo de desbravar lugares longínquos, a principal travessia não requer afastamento: alcançar o lado de dentro, descobrir do que é feita nossa consistência. Às vezes, faltam palavras, mas sobram lágrimas, arrepios, sorrisos, e isso significa que ela está ali, viva, ativa, surpreendendo as nuvens escuras no céu. O quadro se reverteu. Nas últimas décadas, o mundo se dedicou a superar distâncias. Agora a globalização precisa assumir tons de introspecção, resgatar a força para o enfrentamento das ameaças. O vazio aflige, provoca, oferece a chance de começar tudo de novo. Desta vez, sentido interior.
Alina Souza