Amigos, não se trata de uma descoberta. Antes, de uma confirmação. O instinto de sobrevivência sepulta a empatia, a solidariedade. Trata-se de uma verdade absoluta, inquestionável. O código do instinto de sobrevivência tem apenas um artigo: cada um por si e Deus por todos. Ou, se preferirem, salve-se quem puder.
Tem um supermercado pertinho de onde eu moro. As pessoas lotavam os carrinho de galões de cinco litros de água mineral. Guardavam no carro e retornavam para pegar mais. Também lotavam o carrinho de alimentos. Abasteciam para um, dois meses. Vi cenas que sugerem o apocalipse.
Amigos, só os mais favorecidos financeiramente podem fazer isso. Nesta história do salve-se quem puder o assalariado apenas assiste, torcendo para que sobre alguma coisa.
Há anos escrevo sobre os dois Brasis. Há um Brasil nababo, que se alimenta de ostras e filé mignon e ataca de Dom Pérignon e caviar e um Brasil que entra na fila osso.
Havia um programa na antiga TV Tupi que levava o nome de "o céu é o limite". Neste país onde o assalariado vai ao açougue comprar osso, não há limite para a desavergonhada diferença salarial.
A tragédia que nos atinge escancara este fato estarrecedor, porém verdadeiro: quem pode, pode, quem não pode se sacode.
MINISTRA
A frase é da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva: "Neste caso, nós vamos ter que fazer uma excepcionalidade para que, durante todo ano, a gente possa fazer as intervenções, seja em relação à remoção de população, mudança no código diretor das cidades, no gabarito das cidades, e também para mudar todo o processo de licitação para infraestrutura.
Senão, nós vamos construir uma ponte atrás da outra, e ela vai cair".
Escrevi sobre esse assunto dias atrás. Basta de paliativos. Mal termina uma enchente e já engata outra. Caem as pontes reconstruídas e os problemas mais graves acontecem nos mesmos lugares.
É impossível que não tenham soluções definitivas pelo menos para alguns casos.
Hiltor Mombach