Começa neste sábado mais um Brasileiro por pontos corridos.
Competem três times gaúchos, Inter, Grêmio e Juventude.
O Inter estreia contra o Bahia no Beira-Rio.
Tem Vasco e Grêmio e Criciúma x Juventude.
Em crise, o Inter começa obrigado a vencer e convencer.
Vem de uma eliminação na semifinal diante do Juventude no regional e de dois empates na Sul-Americana, um diante do Belgrano na Argentina e o outro contra o modestíssimo Tomayapo no Beira-Rio.
Não bastasse as vaias das arquibancadas, integrantes de organizadas foram convidados a intimidar os dirigentes cara a cara.
Inacreditável.
É o movimento O Povo do Clube dandos as cartas.
Incrível!
Se o Inter tropeçar aconselho aos setoristas que façam plantão.
O treinador anda "prestigiado".
Há previsões que você faz convictamente, porém torce para errar.
Em 2003, quando da extinção do mata-mata e da aprovação da fórmula de pontos corridos, sentenciei que não veríamos Inter e Grêmio festejar um título do Brasileiro pelos próximos cem anos.
De lá para cá os paulistas ficaram com 12 canecos, os cariocas com cinco e os mineiros com quatro. Nadica de nada para o Rio Grande do Sul.
Neste período o Inter conquistou duas Libertadores, um Mundial/Fifa, duas Recopas, uma Sul-Americana e a Copa Suruga Bank. Foi vice do Brasileiro cinco vezes.
Acabou assaltado, rotulado de campeão de fato em 2005, mas nada de caneco. Conheceu um rebaixamento, o primeiro da história, em 2016.
Neste período o Grêmio faturou uma Copa do Brasil, uma Libertadores e uma Recopa.
Tem três vices do Brasileiro, mas nada de caneco.
Foi na era dos pontos corridos que acabou rebaixado duas vezes, em 2004 e em 2021. Dos quatro estados que detém o poder do futebol nacional só o Rio Grande do Sul não conquistou o Brasileirão por pontos corridos.
O Brasileiro por pontos corridos me faz lembrar de uma crônica de Nelson Rodrigues:
“O patético de nossa época é que o passado se insinua no presente e repito: a toda hora e em toda parte, a vida injeta o passado no presente.”
E do que escrevi certa vez: “Todos sabem que sou favorável ao sistema mata-mata e sei que estou na contramão da maioria. Como bairrista convicto, quer ver outra vez um time gaúcho campeão.
Quero uma fórmula que imite o Brasil: quanto mais injusta e formulista, melhor! Todos sabem que querer não é poder e que vou ficar querendo.”
No tempo do mata-mata, do formulismo, Inter e Grêmio levantaram cinco canecos.
No tempo dos pontos corridos somos octa.
Octavice.
Hiltor Mombach