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Verão

Especial

Armas não são neutras

Atentados nos Estados Unidos condenam armas fáceis

Assassinos

 

      Seguem os banhos de sangue nos Estados Unidos. Até as balas sabem que o problema é o fácil acesso às armas. Só os armamentistas, inclusive os brasileiros, fingem ignorar isso. Armas ao alcance das mãos transformam em série desajustados em assassinos. É uma relação causal. Acrescente-se a esse coquetel explosivo uma pitada de ódio, de ressentimento, de extremismo ideológico de direita e de racismo e tem-se uma chacina todo tempo. Só no último fim de semana, foram dois massacres, o do supermercado Walmart, no Texas, e o de Ohio: 31 mortos. É o 32º atentado do ano nos Estados Unidos. O atirador de El Paso, com um fuzil AK-47, abateu até uma criança de seis anos.

      O jornal conservador francês “Le Figaro” publicou dados capazes de sensibilizar um urso polar faminto, mas não um armamentista convicto: foi o ataque 2.187 nos Estados Unidos desde o episódio da escola infantil de Sandy Hook (Connecticut), em 14 de dezembro de 2012, no qual morreram 26 pessoas. Em 2019, já morreram 8.666 americanos por bala. Em 215 dias, foram 249 ataques. Mas o doido varrido do Donald Trump continua achando que é normal comprar armas como quem compra pão quente. No Texas, pode-se passear com um fuzil a tiracolo ou fazer compras armado como um pistoleiro do Velho Oeste.

      O assassino do Texas tem apenas 21 anos. Entra para a história como autor do oitavo atentado mais letal até agora de um país de chacinas quase cotidianas de inocentes. Ele agiu logo depois da publicação na internet de um manifesto supremacista contra a suposta invasão dos Estados Unidos por mexicanos. O documento propõe uma divisão do território americano em distritos raciais. Donald Trump ergueu a sua voz contra a barbárie. Não convenceu. O prefeito de South Bend, Pete Buttigieg, candidato a presidente dos Estados Unidos, lamentou que o seu país tenha mais armas circulando do que habitantes.

      Armas fáceis convidam ao crime. Elas não são neutras. Se a ocasião faz o ladrão, armas disponíveis fazem o assassino. Criam uma atmosfera de violência. Beto O’Rourke, candidato às primárias do Partido Democrata com vistas às eleições presidenciais, originário de El Paso, acusou Trump de “atiçar o racismo” com suas provocações incendiárias perigosas e preconceituosas. Como é possível não perceber o obvio: armas em massa não trazem segurança, mas mais perigo? Em 2015, o jornal The New York Times, o mais influente do mundo, publicou um editorial contra a “epidemia” das armas nos Estados Unidos: “É um ultraje moral e uma desgraça nacional que os civis possam comprar legalmente armas projetadas especificamente para matar gente com velocidade e eficiência brutais". Ultraje também é querer importar essa ideia. Os Estados Unidos dão um triste exemplo ao mundo.

      “The New York Times” foi direto ao ponto: "Pior ainda, os políticos os incitam a se converter em assassinos ao criar um mercado de armas para eles e os eleitores permitem que estes políticos permaneçam em seus postos". Armas não são inocentes. Melhor ficar longe delas. Os massacres americanos mostram que elas não protegem.