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Verão

Especial

Mensagem de Ano Novo de Bill Gates

Bilionário quer pagar mais impostos

Ouço, com frequência, liberais afirmarem que fazer os mais ricos pagarem mais impostos acaba por desestimular o ímpeto produtivo. Fico atento a quem fala nesse assunto. Estou sempre disposto a aprender e a revisar os meus parcos conhecimentos. O bom da internet é que nos permite receber informações surpreendentes a baixo custo. Quanto coisa nós ficamos sabendo quando estamos navegando a esmo num domingo! Foi o que me aconteceu depois de ter visto um documentário sobre Mujica, dirigido por Emir Kusturica, na Netflix.

Fiquei vadiando na rede.

Caí num texto sobre Bill Gates. O gênio da Microsoft, segundo homem mais rico do mundo, puxou o tapete dos companheiros de fortuna com sua mensagem de Ano Novo. Primeiro golpe: “Fui desproporcionalmente recompensado pelo trabalho que fiz — enquanto muitos outros que trabalham tão duro quanto enfrentam dificuldades para sobreviver”. Trabalhos simples, mas essenciais, recebem pouca recompensa. A lógica do sistema não parece se importar com isso.

      Gates engatou um segundo golpe mais poderoso: “Sou a favor de um sistema tributário no qual, se você tiver mais dinheiro, paga uma porcentagem maior de impostos. E acho que os ricos devem pagar mais do que atualmente, e isso inclui Melinda e eu”. Será que Bill Gates foi invadido por um vírus socialista que lhe incutiu um estranho gosto por tributação progressiva e taxação das grandes fortunas? O bilionário escancarou uma realidade chocante: quem tem muito não paga tanto quanto poderia e deveria. O resultado é um sistema injusto e cruel.

      O golpe mais forte desfechado pelo impassível Bill Gates para abrir o ano de 2020 foi este: “Os americanos que estão no topo do 1% podem pagar muito mais antes de parar de trabalhar ou criar empregos. Na década de 1970, quando Paul Allen e eu estávamos iniciando a Microsoft, as taxas marginais eram quase o dobro do imposto atual. Isso não nos desincentivou a construir uma grande empresa”. Outros bilionários norte-americanos têm dado declarações similares.

      Em junho de 2019, George Soros, Chris Hughes, o cofundador do Facebook, e os herdeiros dos impérios Hyatt e Disney mandaram um singelo recado aos candidatos à presidência dos Estados Unidos: ““Está na hora de nos cobrar mais impostos”. Eles poderiam doar tudo. A mensagem é outra: tributar os mais ricos é justo e necessário. Doar é aleatório.  Os 18 signatários do manifesto por mais impostos foram mais longe: “O próximo dólar de novas receitas tributárias deve vir dos mais endinheirados, não dos americanos de renda média ou baixa”, disseram.

      Num arroubo que pareceria inverossímil num filme de ficção, provocaram os políticos: “Os Estados Unidos têm a responsabilidade moral, ética e econômica de taxar mais fortemente nossa fortuna”. Um estudo provou que as 400 famílias americanas mais ricas pagaram 23% de impostos em 2018. Já da classe média para baixo o desembolso foi de 24,2%. Cerca de 40 anos atrás os mais ricos pagavam 47%. Em 1960, 56%. Tudo isso está nos jornais. Alguns contestam os dados. Outros, como Gates, não brigam com os fatos. Como possuem muito, querem pagar mais.