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Verão

Especial

O homem e o mal

De Dostoiévski à árvore quebrada

Sobre o mal
    
Hoje faz duzentos anos que nasceu em Moscou o escritor Fiódor Dostoiévski, autor de obras-primas como “Crime e Castigo”, “Os irmãos Karamazov”, “Recordações da casa dos mortos”. “O jogador” e “Humilhados e ofendidos”. Condenado por conspiração, cumpriu pena na Sibéria. Talvez a grande questão da obra desse escritor único seja muito simples: por que os homens praticam o mal? Não foram poucos os críticos do gênio russo. O seu compatriota Nabokov via nela um “escritor de terceira categoria cuja fama é incompreensível”. Muitos literatos desprezavam a sua “falta de estilo”. Há quem só veja literatura em textos que floreiam ou entortam as frases. Os maiores escritores de todos os tempos, porém, escreveram de forma límpida. O maior de todos no Brasil, Machado de Assis, jamais praticou qualquer tipo de hermetismo ou de adensamento obscurantista do texto. Um certo modernismo é que estragou tudo. Por ser mais fácil de tentar imitar do que a clareza, continua a ser o ideal dos que não sabem fazer frases límpidas e interessantes. Cada um, porém, gosta do que quer ou pode.
A casa e a rua
Claudia ama plantas. Ela acha que deve ajudar a embelezar o lugar onde moramos. Vê o bairro como pátio da coletividade. Resolveu plantar uma árvore no meio do canteiro da nossa rua. Contou com a colaboração das suas amigas do prédio. A arvorezinha gostou da chegada da primavera. Vinha crescendo rapidamente. Já apresentava galhos com lindas folhas. Até florida estava. Da janela, acompanhávamos a sua evolução como quem cuida de uma criança. Vez ou outra, podia-se exclamar com surpresa: “Como está grande!” Alguém atorou a coitada. Sobraram os despojos junto ao que restou de pé. Por que mesmo isso?
    O antropólogo Roberto DaMatta escreveu um belo livro de interpretação da cultura brasileira intitulado “A casa & a rua”. Easa seria a dicotomia brasileira básica. Em casa, afeto e respeito. Na rua, crueldade e frieza. Em sociedades igualitárias, casa e rua são espaços da mesma cidadania. Em lugares relacionais, onde vale a hierarquia do “você sabe com quem está falando”, a rua não é de ninguém, portanto, nela impera a lei da selva. Não vemos a rua como nossa casa. Daí a dificuldade de aceitar que façamos dela um jardim.
    “Um ser que se habitua a tudo, eis a melhor definição do homem”, escreveu Doitoiévski. No Brasil, ainda não nos acostumamos a zelar pelo patrimônio comum. Talvez muitos encontrem na rua a possibilidade de cometer uma pequena vingança contra a sociedade. Câmeras produzirão um salto civilizacional? DaMatta pergunta: “Mas que ocorre comigo quando saio de casa e vou para o mundo da rua e das relações impessoais que ali estão implicados?” Alguns podem dar continuidade à violência doméstica. Outros talvez se contenham um pouco. Salvo, na calada da noite, diante de uma flor ou de uma frágil extremosa.
Secreto
    Das coisas que um homem comum tem muita dificuldade para entender e explicar: como justificar, numa república, que a sociedade não possa conhecer a finalidade e o inter