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Especial

Vagas só para negros: branquitude pira

Magalu faz ação afirmativa legítima

 

      Magalu, Bayer, Ambev e P&G botaram fogo no circo da branquitude. Abriram treinamentos só para negros. O artigo 4º da Lei nº 12.288, o Estatuto da Igualdade Racial, determina que “a participação da população negra, em condição de igualdade de oportunidade, na vida econômica, social, política e cultural do país será promovida, prioritariamente, por meio de: I- inclusão nas políticas públicas de desenvolvimento econômico e social e II- adoção de medidas, programas e políticas de ação afirmativa, dentre outras”. Mesmo assim, a branquitude entoou o cântico desesperado nas redes do ódio social de que haveria um tal “de racismo reverso”. Os brancos estariam sendo terrivelmente discriminados.

      Acreditamos que processos de seleção se dão racionalmente e que os selecionadores conseguem escolher os melhores sem se deixar afetar por sua subjetividade. Leonard Mlodinow, autor de best-sellers como “Elástico”, “Subliminar” e “O andar do bêbado, mostra que o inconsciente age sobre as preferências fazendo parecer racional o que pode ser ideologia, afeto, preconceito ou estereótipo. Em “Subliminar”, ele afirma que “gostamos de pensar que julgamos as pessoas como indivíduos”, mas “se não conhecemos bem uma pessoa, nossa mente pode procurar as respostas em sua categoria social”, fazendo com que o cérebro se esconda atrás dos preconceitos. Mlodinow avisa que “é preciso esforço se quisermos superar os vieses inconscientes”. Moral da história: a universalidade do julgamento objetivo é um mito que serve a alguns e serve já faz alguns séculos intermináveis.

Para bom entendedor  não é preciso gastar latim. Mlodinow, porém, faz o seu trabalho: “Um entrevistador pode gostar ou não de um candidato por causa de fatores que têm pouco a ver com as qualificações objetivas do pretendente. Os dois podem ter frequentado a mesma escola ou gostar de observar pássaros. Ou talvez o candidato desperte no entrevistador a lembrança de um tio querido. Seja qual for a razão, quando o entrevistador toma uma decisão visceral, seu inconsciente costuma empregar o raciocínio motivado para apoiar sua inclinação intuitiva. Se gostar do candidato, sem perceber, sua motivação vai atribuir grande importância a áreas em que o pretendente for bem qualificado e levar menos a sério aquelas em que ele deixa a desejar”. Mlodinow conta a história de um funcionário negro cujos atrasos eram percebidos enquanto os atrasos dos outros não eram vistos ou automaticamente justificados. Em questões de discriminação, a branquitude quer ser "isentona", defendendo o princípio do universalismo abstrato da igualdade,

A decisão da Magalu foi a que mais provocou polêmica. Terá a ver com o poder de uma mulher, mesmo sendo a oitava pessoa mais rica do país? Para fúria de muitos, a superpoderosa disse que vai manter a decisão de fazer um treinamento só para negros. Talvez seja o caso de ler ou reler Djamila Ribeiro no seu “Pequeno Manual Antirracista”: “É fundamental que as pessoas brancas compreendam os mecanismos pelos quais o racismo opera, pois podem reproduzi-los acreditando estarem imunes por terem um marido, uma esposa ou um filho negros”. Ou crerem na objetividade dos juízos pretensamente racionais. A branquitude pira.