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Verão

Especial

"A tradução é uma leitura com poder de ação"



Pedro Gonzaga - Acho que se pode sempre olhar para a figura de São Jerônimo e das condições em que traduziu a Bíblia. As coisas melhoram, mas lentamente. Na verdade, creio que já há espaço para uma tradução de grife, em que há o justo destaque de quem se entrega a esse trabalho quase absurdo que é traduzir. Evidente, no geral ainda há muitos profissionais que vivem na sombra, sem qualquer reconhecimento.

 

Livros A+ - Quais as dificuldades do ofício? Qual o respeito que é necessário ao texto por parte de um tradutor para evitar a traição (ser um traditore) ou a infidelidade?

Pedro Gonzaga - Cada vez penso mais que a tradução é uma leitura com poder de ação. Digo, o tradutor lê o original e o interpreta, como qualquer leitor, com a diferença, de todo crucial, de poder agir sobre o texto, impondo sua leitura sobre os demais leitores da língua para que verte. Nesse sentido, pode haver a traição. O melhor a considerar é manter as coisas amplas, de um lado, e o mais fiéis ao estilo do autor, de outro. Seria uma espécie de casamento aberto, em que não se perde a ideia de com quem se vai para casa ao fim da noite.
Livros A+ - O que tens achado do atual momento da tradução para o português no Brasil. Evoluímos no russo, no inglês, no francês, no espanhol ou ainda sofremos a ação nefasta de editoras franco-atiradoras que não se preocupam com a qualidade deste profissional?

Pedro Gonzaga - Estamos evoluindo. Há tradutores de altíssima qualidade no Brasil: Rubens Figueiredo, Paulo Henriques Brito, Caetano Galindo.
Livros A+ - Quais os autores, livros e línguas que já traduziste e quais os projetos em andamento?

Pedro Gonzaga - Traduzi do espanhol e do inglês. Muita coisa clássica, mas especialmente os livros do Bukowski, com um lançamento recente e uma coletânea dos quatro primeiros livros de poesia dele para o ano que vem.