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Verão

Especial

Família e envelhecimento são temas de novo romance

Escritor carioca Alex de Andrade lança "Para os que ficam", pela Confraria do Vento

Alex de Andrade é autor de livros infantis, de contos e romances | Foto: Divulgação

Com a missão de cuidar do pai idoso, uma mulher acaba revisitando dramas familiares do passado. Depois de dois livros infantis, é com esta premissa que o escritor carioca Alex de Andrade, que também já passou pelo conto, retorna ao romance. “Para os que ficam”, em pré-venda pela Confraria do Vento, traz uma narrativa em primeira pessoa, num exercício do autor de assumir uma voz feminina e construir o olhar de uma mulher sobre sua família.

Dando acesso ao interior da protagonista Ana, Andrade permite que os leitores vão conhecendo as memórias da personagem não só com o pai, mas com a mãe, o marido e os irmãos. Trata-se de um novo exercício do autor de mergulhar num drama familiar, tema que explorou em seu romance anterior , “Antes que Deus me esqueça”, através do olhar de um filho.

Confira a entrevista com autor:

CP: “Para os que ficam” é o seu retorno ao romance, depois de dois livros infantis. Você também passou pelo conto. Por que optou por transitar entre diferentes gêneros?

Andrade: Gosto dessa flexibilidade que a literatura nos oferece. Sempre gostei do conto, como aprecio a literatura infantil, mas o romance me atrai, é uma narrativa profunda, não que o conto não seja, que fique claro, mas a narrativa longa te leva a esse mergulho que investiga, que desorienta. Todos os gêneros são bem peculiares e deixo o momento me traduzir. Ultimamente tenho lido muitos romances e a literatura brasileira contemporânea tem muita coisa boa em circulação. Acho que sigo o meu coração. Mas eu amo os livros de contos!

CP: Em seu romance anterior, “Antes que Deus me esqueça”, você explora, através do olhar de um filho, a história de uma família marcada pelo olhar preconceituoso da sociedade. Agora, traz de novo um drama familiar. A família é tema central da sua literatura?

Alex de Andrade: E como não explorar esse universo tão vasto e complexo? Mesmo com tudo que já foi publicado com esse tema, mesmo com esse assunto sendo tão presente na literatura, dramaturgia, a família é um universo em constante evolução e ebulição, por isso se torna um tema tão explorado. Em meu último romance quis falar do preconceito, das minorias, da sociedade hipócrita e como não tocar na seara das famílias e seus dogmas, religiões e preceitos? É um tema que me instiga, de fato. Dessa vez, em “Para os que ficam”, é a família sobre o olhar feminino.

CP: Outra temática presente neste livro é o processo de envelhecimento. Por que decidiu visitar este tema?

Andrade: São dois assuntos presentes no nosso dia a dia, família e velhice. Vivemos um período em que as pessoas desapareciam instantaneamente das nossas vidas, a pandemia nos fez refletir, mexeu com as nossas estruturas, dissipou histórias, e o mais doloroso, atingiu basicamente as pessoas da terceira idade. Isso doeu muito. Quando se fala em velhice, há um estigma de que seja o fim, de que vai ser muito ruim. O fato de uma pessoa envelhecer, por si só, para as gerações posteriores, soa como negativo. E isso faz parte do nosso convívio. E eu gosto de trazer isso à tona, porque faz a literatura é o espelho das nossas ansiedades e expectativas e esperanças. 

CP: Você tem uma predileção pela primeira pessoa? Considera que este tipo de narrativa oferece um olhar mais completo para o interior das personagens?

Andrade: Nesses dois últimos livros foi importante trazer a primeira pessoa para compor a narrativa, me causou um conforto e uma intimidade, que acredito que quem vá ler o livro se sinta mais dentro da mente e mais íntimo da personagem. Mais nunca é intencional, eu tentei variadas formas de interagir com a construção da história e foi exatamente com a primeira pessoa que encontrei esse link. Eu gosto das linguagens, quando estou experimentando a história, vou brincando com as formas até atingir o eixo. 

CP: Como foi o desafio de assumir a voz de uma narradora feminina?

Andrade: Eu já tinha escrito alguns contos com a voz de uma narradora feminina. Explorar esse caminho é muito enriquecedor e desafiante. Principalmente porque ouço as vozes das mulheres que me rodeiam e me rodearam, a voz da minha mãe,  das minhas irmãs, essas mulheres que foram muito importantes para a construção da minha história como homem. Foi um desafio e espero que os leitores encontrem na narrativa essa voz feminina que por vezes eu ouvia no processo de criação. Durante a minha trajetória como leitor, na juventude, foram as mulheres que nortearam as minhas leituras, as personagens femininas, as heroínas, as Clarices, Lygias, Anas, Joanas, Paulas, Karlas, Simones, Marias.

Henrique Massaro