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Verão

Especial

Com promessa sustentável, Festival Turá não usará concha do Anfiteatro Pôr do Sol

Evento ocorre nos dias 18 e 19 com construção de palco temporário junto ao gramado

Local não recebe mais eventos desde 2019 e apresenta degradação | Foto: Guilherme Almeida

O Festival Turá, pela primeira vez realizado em Porto Alegre, mudou seu local de realização do Parque Harmonia para o gramado do Anfiteatro Pôr do Sol, junto a orla 2 do Guaíba, no bairro Praia de Belas, nos próximos dias 18 e 19. Mantida pela Prefeitura, a ampla área plana do local de eventos contrasta com a estrutura degradada do palco do anfiteatro, que recebeu, por muitos anos, shows, eventos e atrações culturais de destaque, até não mais ser utilizado, a partir de 2019, acelerando a condenação do local, em meio à ideia de demolição aventada pelo governo do prefeito Sebastião Melo.

O Rap in Cena, outro festival de música recente em Porto Alegre, ocorreu de fato no Harmonia, porém movimentos ambientalistas chegaram a encaminhar uma carta pedindo a revisão do evento, nos mesmos moldes do que foi feito com o Turá, devido às polêmicas relacionadas a supressão e replantio de árvores no local, para as obras de revitalização, que estão em andamento, porém uma liminar chegou a suspender os trabalhos antes do Acampamento Farroupilha, no mesmo parque. O Rap in Cena não cedeu à mudança, enquanto a organização do Turá sim.

Com atrações confirmadas como Caetano Veloso, Alceu Valença, Papas da Língua e Marina Sena, o festival, que desembarcou também em São Paulo, terá um palco construído à frente da tradicional estrutura do anfiteatro, de acordo com a organização, além de outros estandes espalhados pelo complexo. A margem do trecho 2 da orla é também conhecida por concentrar certo volume de lixo trazido pelo Arroio Dilúvio, cuja foz fica próxima ao Pôr do Sol, representando um verdadeiro desafio permanente para o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU).

A organização do evento afirma que a alteração para o anfiteatro, cujo gramado é hoje mais utilizado por pessoas apreciadoras de bumerangues do que por quaisquer outros, seguiu uma “avaliação criteriosa, que mobilizou todos os envolvidos na organização e realização” do festival. “Estamos comprometidos em criar um ambiente acolhedor e confortável para o nosso público, os artistas e todos aqueles que fazem o Turá acontecer”, disse a diretora de marketing da Time for Fun, empresa idealizadora do festival, Francesca Alterio.

A mudança seguiu uma sugestão do Instituto Curicaca, cujo coordenador técnico, Alexandre Knob, afirma que o local tem uma conexão intrínseca com a natureza. “É um espaço público e democrático, associado à natureza da Orla do Guaíba e que é parte importante da memória cultural de Porto Alegre”, afirmou ele. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) aprovou a alteração, e, conforme o titular da pasta, o secretário Germano Bremm, a retomada será feita “com todo o cuidado necessário”.

Ainda é uma incógnita o que será feito com a concha do anfiteatro, em razão de sua já citada degradação. Certo é que o terreno onde está o complexo será cercado para receber o festival, que ocupará por volta de 6 mil metros quadrados, praticamente todo o espaço gramado do mesmo. Em setembro, membros das entidades em defesa do meio ambiente participaram de um ato em defesa do patrimônio ambiental e da construção, se manifestando contrários à ideia aventada de concessão da área pública.

Mais cedo neste ano, em maio, Melo reuniu a imprensa para apresentar o projeto de revitalização escolhido para a orla 2, da Cheetah Consultoria, somando 134 mil metros quadrados de área, novamente, por meio de uma parceria público-privada (PPP), em um contrato válido por 35 anos. Ali, está prevista a construção de um centro de eventos, de 24 mil metros quadrados e capacidade interna de até 10 mil pessoas, além de uma marina pública com 26 mil metros quadrados e 581 vagas, mais um novo anfiteatro, para receber até 2 mil pessoas.

Também estão previstos equipamentos como um farol mirante, caminhos, ciclovias, decks, passarelas, cachorródromo, estacionamento, hotel flutuante, museu aquário, caminho das flores, parque infantil e até uma instituição de ensino superior. Se tudo correr conforme o previsto pela Administração, a licitação, a assinatura do contrato e o começo da execução das obras ocorrem em 2024, ano eleitoral. A reportagem apurou que o consórcio GAM3 Parks, responsável tanto pela gestão do Parque Harmonia, quanto pelo trecho 1 da orla, não pretende, ao menos neste primeiro momento, participar da licitação para o trecho 2.

De volta ao Turá, ainda não se sabe se intenção é que o festival de música seja um grande teste para a realização de shows, bem como não está claro se novos eventos poderão ocorrer no local. No entanto, o prefeito Melo já disse que a demolição da antiga concha não deixaria de lado o “legado” do Pôr do Sol. Em 2014, o anfiteatro recebeu, por exemplo, a Fifa Fan Fest em Porto Alegre durante a Copa do Mundo, não apenas pela proximidade do Estádio Beira-Rio, sede dos jogos na Capital na ocasião, mas também pela infraestrutura disponível.

De qualquer forma, com alicerces na sustentabilidade e na valorização da cultura brasileira, o Turá deixa o espaço do Parque Harmonia e será agora sediado em uma das paisagens mais icônicas de Porto Alegre, nesta que é a primeira edição fora da capital paulista. Em São Paulo, a primeira edição do evento contou, em 2022, ano de sua estreia, com apresentações de artistas como Emicida e Paulinho da Viola, além dos encontros de Nando Reis com Jão e Baco Exu do Blues com Illy e Marina Sena, que também vem à capital gaúcha. 

Em junho deste ano, ocorreu a segunda edição do festival na Terra da Garoa, no Parque do Ibirapuera, com a participação de 30 mil pessoas e shows de Jorge Ben Jor, Zeca Pagodinho, Maria Rita convidando Sandra de Sá, Gilberto Gil & Família, Pitty convidando Marcelo D2 – que esteve no Rap in Cena, em Porto Alegre recentemente – & Céu e ainda Joelma convidando Mariana Aydar.

Felipe Faleiro