A gari Thayse Adriane Duarte, de 29 anos, é uma das responsáveis por limpar as ruas da Praça da Alfândega durante a Feira do Livro de Porto Alegre. Trabalhando desde o início do evento literário, Thayse afirma gostar do emprego, porém faz uma ressalva: "Me sinto esquecida pelas pessoas. A maioria nos olha diferente". Focada em limpar a sujeira deixada no chão pelos visitantes, a gari confessa, em entrevista ao Correio do Povo, que já foi vítima de preconceito. "Há alguns dias entrei em uma loja para comprar um café com o uniforme do serviço. Porém, o funcionário não me atendeu. Ele me ignorou", revela.
Apesar do preconceito, a gari destaca a atitude positiva de algumas pessoas. "Também percebo que tem gente que olha para mim. Existem pessoas que às vezes me cumprimenta. Teve uma vez em que bati na muleta de um senhor, mas ele não se importou com isto. Pelo contrário, elogiou o meu trabalho", conta Thayse.
Feira e leitura
A gari, funcionária da Cootravipa, está imersa a milhares de livros há cerca de 15 dias, porém, admitiu não ter lido ou adquirido nenhuma obra. "Trabalho oito horas por dia e não consigo ter tempo para olhar os estandes". No entanto, ela reconhece a importância da leitura. "Sempre estou brigando com meus dois filhos para eles lerem. A leitura é muito importante e essencial na educação de qualquer pessoa", finaliza a gari.
Texto: Adriano Dal Chiavon/UFSM
Foto: Fabiano Martins/Ulbra