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Verão

Especial

Bela homenagem e alerta ligado

Estão de parabéns os vereadores de Guaíba, principalmente o autor da proposta, vereador Dr. João Collares, que aprovaram o projeto de lei que dá o nome de uma vítima de feminicídio, ocorrido na cidade, à rua do bairro onde ela cresceu. Essa iniciativa é plena de significados num momento tão ruim da sociedade brasileira, no qual os crimes de violência contra a mulher crescem de forma ilógica. Sim, crescem, com todas as campanhas e legislações existentes. Como? Há quase 13 anos sou colunista do Correio do Povo aqui na página policial. Há quase 13 anos nos encontramos toda semana, autor e leitores, e passamos a semana, às vezes até além, interagindo sobre os textos publicados, trocando reflexões e visões sobre tantos temas que afligem o nosso cotidiano e parecem nunca mudar. E há uma voz uníssona, vinda de leitores dos mais variados recantos deste Estado, que pede, pelo amor de Deus, ações concretas e objetivas que revertam os mais variados quadros negativos que permeiam de medo, dor e tristeza o cotidiano da nossa sociedade. E é agindo assim, no mínimo detalhe, que se faz a diferença.

Toda vez que o aparato policial se move em defesa da mulher, para que crie coragem e denuncie ou receba apoio de quem consiga vencer o medo e fale por ela, muitos criminosos olham isso acontecer e freiam suas ações violentas, porque enxergam alguém sofrer as consequências das suas agressões. Toda vez que o Ministério Público e o Poder Judiciário agem contra agressores, os que acham natural agredir têm medo, de serem presos,  acabarem mal. Toda vez que os poderes executivos e legislativos tomam iniciativas, ou que qualquer um da sociedade mostre, de forma bem clara, que não há tolerância ao agressor, a vida de pelo menos uma mulher é salva, e a mão de um agressor contida. É preciso mostrar a esses criminosos que, sim, isto importa. E será levado a sério e não será aceito por absolutamente ninguém. E não haverá chance de alguma impunidade qualquer ampará-lo. Gastamos tanta energia sendo intolerantes com quem pensa diferente, por bobagens ideológicas na maioria das vezes recheadas de ignorância e superficialidade, que seria melhor canalizarmos esta intolerância e sua energia aos agressores, aos criminosos, aos covardes e prepotentes.

E essa intolerância positiva, essa que irá considerar o desrespeito ao outro e à condição humana como um absurdo intolerável, só será exercida a pleno quando formos EDUCADOS de forma muito diferente da que somos atualmente. Mas, o que torna o processo educacional eficiente, como um todo, não é jogar toda a responsabilidade no colo dos professores e das escolas, como se a educação fosse apenas papel deles. É preciso, além de obviamente fortalecer o professor, a escola, as bibliotecas e as universidades, fortalecer as regras. E as consequências do desrespeito a essas regras que não permitam, de forma alguma, nem por insinuação ou brincadeira, que se diminua o valor da mulher enquanto ser humano, reduzindo-a a objeto de uso masculino ou apêndice familiar destituído de importância máxima e igualitária ao homem. Essa nova ótica só se constrói quando lembramos, a todo momento, o que de horrível ainda acontece ao nosso redor. E homenagear as vítimas do nosso absurdo, como fizeram em Guaíba, nos faz lembrar disso a todo instante. Para quem sabe, um dia não precisarmos mais pensar nesse tipo de violência como algo além de um passado vergonhoso.

Oscar Bessi