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Verão

Especial

Semana trágica

Eu ainda não tinha visto a minha amiga e colega, a agora major Vanessa Wenitt, tão abalada. Fizemos o Curso Avançado de Administração Policial Militar juntos e, além da alegre proximidade por sermos, ambos, torcedores xavantes, eu sempre a admirei pela positividade, pela energia boa, pela iniciativa e disposição típica de quem tem uma liderança natural inabalável. Mas, no entardecer de quinta-feira, era a Vanessa apaixonada pela farda, pela missão e pela família que se emocionava. Ela recém saíra dos atos fúnebres do jovem soldado William Santos dos Santos, assassinado por um criminoso em Pelotas durante assalto, e me contava, sem conseguir conter as lágrimas, sobre a breve, mas ardorosa, trajetória do policial que nos deixou tão cedo. Foi pela voz embargada de Vanessa que soube da emoção e desespero do filho de 8 anos de Santos, um menino já apaixonado pela profissão do pai, e que gostava de esperá-lo com sua fardinha feita especialmente para ele. “Acorda pai, fica comigo, vem pra casa, tu era bom, não fazia mal para ninguém”, chorava a criança ao ver o corpo do pai, fardado, no caixão. Foi uma comoção geral.

Uma semana trágica, que começou com a execução sumária do comissário da Polícia Civil Fabiano Ribeiro, 51 anos. Ele tentou prender um criminoso que recém havia assassinado o cliente de um restaurante no centro de Jaboticaba, no Norte do RS. Uma execução impiedosa. Assim como a de William, em Pelotas, que estava de folga pensando em levar alimentos para a sua esposa e duas crianças, quando o assalto foi anunciado. Porém, o assassino, que já responde por outros homicídios e havia sido solto há uma semana, executou o jovem PM. Dois casos clássicos em que cidadãos escolhem oferecer a própria vida em defesa dos demais. Homens e mulheres comuns, mas que em troca de salários discretos prestam o juramento que William e Fabiano cumpriram à risca. E eu gostaria de saber se ainda há quem pense ser um “privilégio” contrariar a lógica da própria preservação e, enquanto todos apenas não se envolvem ou fogem, ser obrigado por dever e ética intervir sem pestanejar e acabar assim, morto.

Frustrante é saber que o sistema de persecução penal continua falho, não sendo o ideal. Criminosos, assassinos e estupradores são presos, mas em seguida são liberados por um canetaço que concede liberdade e condena outras vítimas aos seus crimes impiedosos. Temos filhos todos os dias ficando órfãos. Temos policiais tombando no cumprimento do seu dever. 

Oscar Bessi