Uma molecada invadiu as pistas gaúchas nas últimas temporadas e começou a influenciar diretamente nas disputas também das 12 Horas de Tarumã. Se eles não têm ainda a quilometragem na pista, compensam com o talento e o ímpeto, que já renderam um troféu ao menos para a turma que recém tirou carteira de motorista ou ainda nem está habilitada a dirigir nas ruas. Augusto Rotta, de 18 anos, venceu a edição de 2020 ao lado do piloto e preparador Paulo Preto. Agora, quer repetir a dose e tem uma turma da sua idade dando sinal de luz e tentando ultrapassagens.
Rotta, atual campeão brasileiro de Turismo 1.4, ainda lembra da vitória do ano passado. “Foi a conquista mais emocionante que tive, meu primeiro título, por assim dizer”, recorda. "Quando eu, guri, ia imaginar que em um grid de quase 50 carros, ia ser campeão com o Paulo Preto? Contra os melhores pilotos do Estado, caras que são praticamente os donos dessa pista.”
E foi uma vitória que reuniu talento e raça nas voltas finais. Fabiano Cardoso tinha um carro mais rápido quando o relógio já se encaminhava para bater as 12 Horas em 2020. Na penúltima volta se aproximou e tentou ultrapassar. Um toque aconteceu e Cardoso cruzou na frente. Mas o próprio piloto foi à direção de prova e, mostrando esportividade, reconheceu a falha e aceitou a punição em tempo que deu a vitória para Rotta e Preto.
Carimbado pelas disputas do ano anterior, Rotta descarta pressão maior por repetir a dose. “Quero muito ganhar de novo, mas brinquei com os amigos e rivais, como o Arthur Gama, que pelo menos uma vez eu já fui campeão. Agora a responsabilidade de ganhar é dos outros.” Ele também avalia que o desafio fica mais fácil por conta do ambiente no seu time. “A pressão não é tanta pois a equipe é muito família. O resultado que vier está bom, desde que todos se dediquem e entreguem o melhor de cada um. Tem que ser todo mundo, na pista e nos boxes. Mecânicos, quem está no rádio, o chefe de equipe...”
Entre a gurizada há também Ike Ramos, João Cardoso Neto e Arthur Gama, os dois últimos ainda aguardando para fazer CNH. E já com vitórias na Turismo 1.4. A veterana Cristina Rosito projeta um grande desafio contra os jovens. “Se dependesse deles, podiam fazer 12 horas seguidas ou mais, nem precisava trocar piloto”, diz a piloto. “Claro que os mais velhos têm toda a experiência, mas vai contar a parte física dos pilotos e a gurizada vai surpreender. Eles estão muito rápidos, já mostraram isso no campeonato brasileiro. Eles nem tiraram CNH ainda, mas na pista andam muito forte."
Com o troféu no armário, Rotta já tenta falar como veterano e dar a receita para a vitória. “Analisei bastante a prova de 2020 e o mais importante para ganhar é a constância, além de não se envolver em batidas”, avisa. “Saber ultrapassar nos momentos certos. Na última edição, fui ultrapassar um piloto que abriu toda a pista por dentro, mas quando botei, ele deu na minha porta.” Isso foi a umas quatro horas do fim e acabou nos deixando mais lentos. Deixou mais difícil a vitória."
Bernardo Bercht