Primeiro só tinha a Alfa Romeo, agora já tem um monte de carrinhos para analisar. Cada dia a gente faz raio-X de um por aqui, mas tem que começar por algum lugar. O martelo bateu pela Aston Martin, o design mais evoluído entre os mostrados pelos times e aquele com soluções mais interessantes e até, pode-se dizer, radicais. O time do bilionário Lawrence Stroll realmente quis deixar para trás o combalido AMR22 e mostrou algo realmente novo.
Vamos direto para a grande aposta da Aston (e nem estamos falando do veterano bicampeão mundial Fernando Alonso): as laterais. Lembram do conceito da Ferrari que levantou olhares ano passado? Andrew Green, Dan Fallows e Tim Milne (não são membros de uma banda, são os engenheiros) cavaram fundo na ideia (literalmente inclusive) e exculpiram uma carenagem super agressiva. No limite da engenharia de materiais, para o carro aguentar os crash-testes, o AMR23 apresente cânions em cada cobertura dos radiadores.
Os radiadores foram posicionados lateralmente, mas o desenho adota ainda um estilo de ataque da Red Bull. A entrada é quase vertical o que forma uma rampa invertida que envia mais ar para o assoalho, onde todo mundo quer gerar pressão aerodinâmica com o efeito-solo. Atrás, a carenagem lateral forma um declive muito acentuado que leva ainda mais ar para o difusor, onde é recebido por um sistema de superfícies tripla formado por braços de suspensão largos e o plano inferior do aerofólio traseiro.
O AMR23 trabalha muito o downforce, carrega a energia na região traseira e certamente vai gerar números interessantes no túnel de vento. Resta saber se funcionará no mundo real. Primeiro, por tanta pressão do ar correr o risco de gerar porpoising, o corcoveio que tanto atrapalhou os times em 2022. O outro, é o carro ficar muito dianteiro, com dificuldades para entrar nas curvas.
Na dianteira, as soluções foram mais convencionais. A Aston mudou o bico, num padrão mais similar ao da Mercedes e menos elevado que o do carro de 2022. Já é uma escolha para inclinar um pouco do equilíbrio para a frente do carro e compensar a carga traseira.
O recorte dos sistemas de exaustão obedece às limitações do motor Mercedes, mas tenta seguir a linha segmentada da Red Bull do ano passado. O sistema de escapamento forma uma área bem mais "gordinha" que as opções em geral do ano passado; naquele estilo da Alpine.
Enfim, um carro que não mede esforços para fazer o time dar um salto no pelotão e incomodar pelo menos McLaren e Alpine. A questão é se toda essa ousadia de projeto vai responder na pista.
Abaixo, algumas comparações entre o AMR22 e o AMR23 pelo jornalista espanhol Albert Fabrega
Aston Martin ha sido muy agresivo en pontones. Cuchara en entrada, canal profundo en zona central y rampa acentuada. Mayor corte inferior
— Albert Fabrega (@AlbertFabrega) February 13, 2023
Aston Martin has been very aggressive on sidepods. Spoon at intake, depth channel in central area and very ramped downwash. Bigger undercut pic.twitter.com/NbBp8dnnlg
Bernardo Bercht