Chegamos à McLaren, com sua pintura idealizada pelo sobrinho desenhista de 15 anos do Zak Brown (como conseguem estragar preto e laranja?). O carro foi apresentado ainda na segunda, mas deixamos um dia o laranjão amadurecendo. O MCL60 de James Key tenta apagar a imagem do complicado modelo de 2022, mas curiosamente segue as mesmas filosofias. A teoria é que o time, agora comandado por Andrea Stella, aprendeu tudo de errado que tinha aquele carro e achou soluções. Melhor isso do que apostar em algo completamente novo e se perder? Os sinais não são super positivos, com Stella falando no lançamento que aposta mais em atualizações e Lando Norris afirmando que está pronto para esperar alguns anos para a McLaren subir de nível.
Certo é que a principal mudança veio na lateral (Sim estamos falando muito das laterais nesse ano), com o conceito Red Bull de formato geral, com o corte frontal abrupto e a "rampa" rumo ao difusor traseiro. As entradas propriamente ditas, contudo, tem um DNA completamente McLaren, de desenho não buscado pelos outros times até aqui.
No caminho para o assoalho, mais precisamente a divisória entre carenagem superior e a região de efeito-solo, Key prolongou os "dentes" ou aletas da entrada do assoalho até a parede do cockpit, criando um difusor de ar que ajuda a "grudar" o fluxo nas laterais e potencializar a geração de pressão aerodinâmica.
A dianteira tem como principal chamariz a fixação da suspensão. O braço superior tem ângulo extremo para fixar na parte superior do nariz, lembrando as Williams dos anos 90. A utilidade parece ser dupla, primeiro para dar mais curso de movimento ao chassis e atenuar o corcoveio do porpoising; depois, para aumentar a inclinação do sistema todo e ajudar a conduzir ar para o assoalho.
O nariz McLariano tem uma filosofia própria, lembrando vagamente o da Aston Martin do ano passado. Achatado e largo, com um slot para passagem do ar por baixo. Ou seja, a pressão positiva ali não é tão importante quando liberar mais ar para gerar downforce no efeito-solo. É curioso, pois é uma solução que a maioria dos times estão abandonando até aqui.
Lá atrás, a equipe não mexeu muito na instalação do escapamento, com a divisória acentuada entre a "cintura coca-cola" e o entorno do motor. A ideia é colocar o máximo de equipamento por ali para poder afilar as laterais e liberar ar no difusor.
Bernardo Bercht