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Verão

Especial

Dabdab se mantém ativa há 95 anos no mercado de vestuário gaúcho

Negócio familiar de imigrantes sírios já faz parte da história de Porto Alegre

| Foto: Alina Souza

Por Sidney de Jesus

Ela se mantém viva  no mercado de vestuário gaúcho há 95 anos. A loja Dabdab, negócio familiar de  imigrantes sírios que chegaram no RS em 1925,  já faz parte da história de Porto Alegre pela  qualidade dos  tecidos que comercializa e pelo estilo conservador  de roupas sob medidas  feitas por  profissionais da área de alfaiataria e costureiras.  "É um costume comum as pessoas mandarem fazer vestimentas sob medida  na Dabdab.  Naquela época, até os sapatos eram feitos dessa forma, pois não haviam confecções como hoje, em abundância", destacou o gestor Sérgio de Martins, que trabalha há 35 anos na empresa. Ele destacou, ainda, que o profissional alfaiate era indispensável para quem tinha a necessidade de uma roupa de qualidade. "Funcionários públicos, bancários e uma infinidade de profissionais tinham de usar uma roupa clássica, composta de calça e paletó", lembrou.

 Ao longo dos anos, a Dabdab passou por todas as intempéries econômicas que o Brasil enfrentou e, agora, mesmo com dificuldades ainda continua ativa  e sobrevive em meio à pandemia do coronavírus. De acordo com  Sérgio de Martins, a empresa tem sobrevivido ao tempo, mas o cenário atual, que impõe  inúmeras restrições para a prevenção da  Covid-19 , trouxe muitos problemas financeiros ao segmento.  "Desde março, quando iniciou a pandemia,  a situação das  empresas do ramo está difícil. A implementação do distanciamento inibiu todo o tipo de evento, como batizados, casamentos, formaturas, atingindo os profissionais alfaiates, costureiras e modistas, que em decorrência disso deixaram de demandar a compra de tecidos e os aviamentos para sua criação", afirmou o gestor, lembrando que a situação também impactou nas vendas. "Temos seis funcionários e estamos comercializando um terço do que costumávamos comercializar", ressaltou Sérgio de Martins.

O gestor lembrou ainda, que além da pandemia, a situação ruim atual do  segmento é decorrente da modificação do hábito de vestir-se, com a oferta de confecções prontas. "Os tecidos são populares e pouco duráveis,  exista a informalidade tanto nas empresas quanto nos setores públicos, além disso, houve a introdução do jeans, lojas de alugueis de roupas e o mercado chinês inserindo produtos com um custo que loja e alfaiataria não conseguem concorrer", afirmou ele, que ressaltou  que muitas lojas que atuavam no seguimento de tecidos diversificaram para cama, mesa e banho. "O   mix de tecidos é mais direcionado ao publico popular, pois para uma roupa sob medida é necessário um tecido nobre, aviamentos, forros, entretelas e  todo um ritual na criação", explicou.

"Hoje, mesmo em meio à pandemia que ocasionou  a redução de alfaiates e costureiras, além de produtos da China com valores irrisórios, a  introdução de novos tecidos de baixo custo e pouca durabilidade, seguimos trabalhando e mantendo nossa tradição de oferecer sempre produtos de qualidade para realização dos sonhos dos nossos clientes", afirmou o gestor da loja Dabdab. "Oferecemos  linhos, casemiras, lãs frias, tricolines, importados da Inglaterra, Itália, Chile, Peru, além de  grandes grifes  como Ermenegildo Zegna, Loro Piana, Reda, Calvert & Clapham, peruana Barrington", ressaltou.

  Segundo Sérgio de Martins, a Dabdab sempre foi de estilo conservador e não procurou a modernização e transformações de tecnologia. "Este é um dos componentes da situação problemática que enfrentamos, principalmente neste momento de distanciamento onde tudo ocorre majoritariamente através das redes sociais e no mundo digital", destacou. Ele afirmou, no entanto,  que dentro do possível a empresa está  buscando se ajustar às novas tecnologias. "A ideia é  a criação de um site, de uma loja e-commerce, elaboração de mostruários exclusivos, divulgação nas redes e na mídia", revelou.

História

A tecidos Dabdab foi fundada em 23 de dezembro de 1925 pelo imigrante sírio Raphael Kalil Dabdab, nascido na Cidade de Antiochia na Síria. Ele chegou a bordo de um navio da Companhia Lloyd, já  com a profissão de alfaiate. Em Porto Alegre juntou-se ao núcleo ou comunidade árabe que estava localizada no quadrilátero das Ruas Borges de Medeiros, Ladeira, Riachuelo e  Andrade Neves. Inicialmente se estabeleceu na Rua da Ladeira (General Câmara) nº 39. Em 1940 mudou-se para Rua Voluntários da Pátria, nº 71, e posteriormente, em 1950, para Rua Voluntários da Pátria, nº 04,  endereço atual loja Dabdab, no Centro Histórico. Até 2016, Elias Dabdab, filho do fundador, comandou a empresa. Com sua morte, a esposa Maria Inez Kops, de 87 anos, assumiu o comando da Dabdab.