Uma pesquisa realizada a partir do banco de dados pela Talento Incluir Consultoria, com dados de 566 pessoas com deficiência em busca de emprego, revela uma realidade muitas vezes ignorada: profissionais com deficiência estão cada vez mais qualificados e preparados para o mercado de trabalho e para desafiar e superar os estereótipos. O estudo revela que 49,8% dos participantes possuem ensino superior completo, destes 24% têm qualificações avançadas, como pós-graduação, MBA, mestrado ou doutorado.
Segundo a CEO da Talento Incluir Consultoria, Katya Hemelrijk, os dados apurados contrariam o mito persistente de que profissionais com deficiência carecem de qualificação para alcançar cargos de liderança. “O objetivo do levantamento é lançar luz sobre essa constatação, além de servir como um chamado para reavaliação e transformação das nossas práticas e percepções de inclusão”, destaca a executiva.
Outro dado ainda importante aponta que 24,3% dos respondentes possuem proficiência em inglês ou espanhol em níveis intermediário ou fluente, o que mostra que estão preparados para o palco global em que as empresas modernas operam, de acordo com a especialista. “Longe de serem candidatos apenas para posições de entrada, esses indivíduos têm as habilidades e a qualificação necessárias para cargos de liderança e áreas de alta especialização”, confirma Katya Hemelrijk.
Os cargos de liderança nas empresas ainda estão bem distantes das pessoas com deficiência. Entre os profissionais avaliados na pesquisa, apenas 2,6% ocuparam cargos de gestão e 2,1% de supervisão no último emprego.
O levantamento foi feito entre 17 de novembro de 2023 e 18 de março de 2024, nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Florianópolis. Do total de pessoas entrevistadas na pesquisa, a maioria tem deficiência física (49%), auditiva (22%) e visual (18%). Entre as empresas que abriram 400 vagas específicas para pessoas com deficiência por meio da Talento Incluir em 2023, apenas 2,5% das posições eram para chefias, com salários acima de R$ 9 mil.
“O mercado de trabalho, em sua busca por inovação e competitividade, não pode continuar a ignorar o potencial de um profissional tão qualificado. Há um reservatório de talento inexplorado entre os profissionais com deficiência, muitos dos quais estão mais do que aptos a assumir cargos de liderança e contribuir significativamente para o crescimento e a inovação das empresas. É urgente que as empresas desenvolvam políticas e práticas que não apenas facilitam a contratação de pessoas com deficiência, mas promovam seu avanço profissional. Isso inclui investimento em tecnologia assistiva, programas de mentoria e a criação de uma cultura corporativa que valorize genuinamente a diversidade e a inclusão”, conclui Katya.
Correio do Povo