Os vinhos produzidos no Brasil ainda têm um destaque tímido no cenário mundial, se comparados aos gigantes do mundo do vinho, como Itália, França e Portugal. Contudo, a viticultura brasileira está crescendo a passos largos nos últimos anos, com foco em qualidade e preço competitivo. “Sendo um país de dimensões continentais, o Brasil possui vários tipos de solo e clima, ideais para o cultivo de videiras diversas. Assim, são produzidos vinhos tintos, brancos, rosés e espumantes, para agradar a todos os amantes da bebida”, avalia o sommelier Leandro D’Kessadjikian, consultor da Wine & Spirit Education Trust (WSET). A maior parte das vinícolas brasileiras se concentra na região sul do país, principalmente no Rio Grande do Sul, mas também no Paraná e em Santa Catarina. As regiões sudeste e nordeste também têm se destacado, com foco nos estados de São Paulo e Minas Gerais, no sudeste, e Pernambuco e Bahia, no nordeste. Leandro traz mais detalhes sobre esses locais a seguir:
Rio Grande do Sul
A Serra Gaúcha era a única região produtora de vinhos do Brasil até os anos 70. Ela é responsável pela maior parte da produção do país. “Bento Gonçalves (onde fica o Vale dos Vinhedos), Garibaldi, Caxias do Sul e Flores da Cunha são os principais municípios produtores. Os espumantes e os tintos são os tipos de vinhos mais importantes da região”, aponta.
Campanha Gaúcha
Localizada na fronteira com o Uruguai, a Campanha Gaúcha tem planícies a perder de vista. Os solos relativamente férteis originam vinhos menos estruturados e mais leves. “As uvas mais cultivadas lá são as tintas Tannat, Cabernet Sauvignon, Merlot, Touriga Nacional, Alfrocheiro e Tinta Roriz, e as brancas Riesling, Chardonnay e Gewürztraminer”, cita o sommelier.
Campos de Cima da Serra
Essa região fica no extremo norte do Rio Grande do Sul e possui clima frio devido à alta altitude. “Por lá, os vinhos são elegantes e intensos, com destaque para os elaborados com as uvas Cabernet Sauvignon e Merlot, que amadurecem lentamente e atingem todo seu potencial aromático e de sabores”, descreve.
Santa Catarina
A produção catarinense de vinhos se fortaleceu nos anos 2000, nas cidades de São Joaquim e Bom Retiro. “A elevada altitude, as baixas temperaturas e o solo pedregoso e pobre contribuem para o cultivo das videiras. As uvas da região se tornam mais concentradas e geram vinhos mais encorpados”, explica o especialista.
Bahia e Pernambuco
Entre os estados da Bahia e de Pernambuco, estão dispostos 503 municípios. Com clima extremamente seco, poucas chuvas e alta insolação, o cultivo das videiras é dependente da irrigação. Os solos argilosos e arenosos oferecem características autênticas às bebidas. “Todos os tipos de vinhos são produzidos na região, com destaque para as uvas Moscatel, Cabernet Sauvignon e Syrah”, acrescenta Leandro.
Região Sudeste
Os Terroirs da Colheita de Inverno estão transformando o mapa da viticultura no Brasil. Por meio da tecnologia, que permite que a colheita das uvas seja realizada durante o inverno em regiões mais quentes do país, como a sudeste, diversas vinícolas estão produzindo vinhos finos de reconhecimento nacional e internacional – com a casta Syrah, em especial. “Calor de dia, bastante frio à noite e clima seco garantem vinhos complexos, com muita acidez e álcool. Diversas vinícolas estão despontando neste cenário em regiões como Sul de Minas, Cerrado Mineiro e interior de São Paulo”, completa.
Correio do Povo