Com mais de 40 anos de estrada, a banda Roupa Nova tem uma trajetória que é marcada por grandes canções, vendas absurdas de discos e uma relação absolutamente empática com o público. São mais de 20 milhões de cópias vendidas e 37 discos lançados até os dias de hoje. Considerado um dos melhores shows nacionais, Roupa Nova teve a maior escola que um músico poderia ter: o baile. Com o nome de Os Famks, a banda passou anos fazendo bailes pelo país. A irreverência, ritmo e espontaneidade presentes hoje nos shows do Roupa Nova se devem a esse período. Em 1980, chamados para gravar um tema de final de ano da rádio Cidade e Mariozinho Rocha sugeriu que o nome da banda mudasse para Roupa Nova.
A banda já teve canções em quase 40 novelas e foi responsável por tocar o “Tema da Vitória”, composto e arranjado por Eduardo Souto Neto, que mais tarde se tornaria tema de Ayrton Senna. Entre as canções mais famosas estão “Whisky a Go-Go”, “Dona”, “Volta pra Mim”, “Anjo”, “Seguindo no Trem Azul”, “A Viagem” e “Coração Pirata”. A banda tinha a mesma formação até dezembro de 2020, quando a morte do vocalista Paulinho atingiu o coração do grupo. Desde 2018, Cleberson, Feghali, Nando, Serginho, Paulinho (agora Fabio Nestares) e Kiko vêm lançando o projeto “As Novas do Roupa”, com 10 canções inéditas.
Na quinta e sexta-feira, a banda se apresentou no Auditório Araújo Vianna retomando o contato com o público gaúcho que os integrantes tanto adoram. No show de quinta-feira, a apresentação foi aberta por um vídeo com todos os integrantes inclusive Paulinho falando dos 40 anos de estrada. A energia da banda no palco está cada vez melhor e os pontos altos do show foram as canções românticas e o pot pourri com as músicas dos Beatles. Antes dos show, Ricardo Feghali falou com o CS.
Há muita coisa para se comemorar neste final de 2021. A retomada dos shows presenciais. Esta apresentação de 40 anos do Roupa Nova. O que vocês estão comemorando neste dezembro e o que vocês lamentam?
Lamentamos que tudo isso tenha acontecido, a pandemia e tudo o mais, e, nesse tempo, termos perdido o Paulinho, que já vai fazer um ano no dia 14. Mas comemoramos o legado que ele deixou ao completar 40 na os de banda com a gente, e de podermos levar isso pra frente, que com certeza era um desejo dele.
As músicas do Roupa Nova permeiam todo o imaginário romântico e de embalos dos brasileiros nas últimas quatro décadas. Quando a banda começou, era esta a intenção ou não tinha como saber desta questão?
Não tínhamos como saber o que seria. Éramos seis garotos em busca de um sonho, queríamos fazer música, mas não sabíamos que viveríamos tudo isso e chegaríamos aos 40 anos juntos.
Queria que vocês falassem dos parceiros ao longo da carreira e dos grandes shows, discos?
Nossa, nesses 40 anos foram muitos os parceiros, complicado até citar aqui e esquecer algum. Mas todos eles têm uma importância muito grande na nossa vida e carreira, desde Milton Nascimento que deu o nome da banda, Mariozinho Rocha que nos levou para as novelas, todas as participações ao longo dos anos. Enfim, tudo tem um espaço bem especial para o Roupa Nova. Temos também os Grammys, que é muita coisa.
E a falta que o Paulinho tem feito à banda?
Isso é impossível mensurar. Ele faz muita falta e vai fazer para sempre. Mas a gente leva junto o sorriso e a alegria que ele tinha.
O mundo após a pandemia mudou muito, as lives, videochamadas, músicas colaborativas viraram a tônica. Como vocês lidam com todas estas questões tecnológicas?
A gente busca se atualizar diariamente, esse mundo muda rápido né? Mas a gente tenta fazer parte e estudar os avanços, já que mexemos com música que também passa por processos diários de mudança.
O público de Porto Alegre e do RS é enlouquecido por vocês. Faz muito tempo que um show de vocês não tem algum buraco na plateia. Qual é esta simbiose com os gaúchos?
E nós somos enlouquecidos pelo público de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul. Nós temos um carinho muito grande pelo povo gaúcho, pelas cidades. Sempre que temos show e há algum tempo gostamos de passear pela cidade também, e o carinho que a gente recebe é algo que só podemos agradecer.
Luiz Gonzaga Lopes