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A pandemia do léxico

Ausência de evidência científica de eficácia não é a mesma coisa que evidência científica de ausência de eficácia

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Há uma expressão que no Brasil substituirá os famosos e consagrados “papá” e “mamá” como primeiras palavras ditas por bebês, quando começam a balbuciar e a experimentar a própria voz. Elas serão impiedosamente substituídas por uma frase: “Não há comprovação científica”. O pequeno Enzo e a pequena Valentina, ao verem o pai, a mãe, a mamadeira ou o pratinho com banana amassada, não soltarão um “papá” ou “mamá”. Eles dirão com aquela voz doce, suave e encantadora: “Não há comprovação científica”. Encantados e ao mesmo tempo assustados, os papais não poderão reclamar.

A expressão é dita a todo instante. Ela sai da boca do repórter. E sai da boca do “especialista” entrevistado pelo repórter. Ela diz muito, mas também pode não dizer nada. Ao afirmarmos que algo não tem comprovação científica, estamos escondendo alguns outros cenários – e palavras – possíveis. Poderíamos muito bem dizer: “o tratamento precoce não tem comprovação científica... ainda”. E não estaríamos errados. Afinal, o assunto é tema de debate e parece estar longe de ser pacificado – algo que talvez nunca ocorra.

Conversando com o professor de economia Ronald Hillbrecht ouvi uma frase que sintetiza bem a selva gramatical em que nos metemos – e nos perdemos: “Ausência de evidência científica de eficácia não é a mesma coisa que evidência científica de ausência de eficácia”. Sim, é de dar um nó na cabeça do vivente, mas em outras palavras é mais ou menos o seguinte: dizer que a ciência não comprova, não significa necessariamente dizer que a ciência descarta.

Em entrevista ao Agora, na Rádio Guaíba, o médico Julio Pereira Lima lembrou que recentemente o NIH (National Institute of Health – EUA) mudou a classificação da Ivermectina de “não recomendável” para o tratamento da Covid-19 para “neutra”. Pergunto: qual “comprovação” vamos abraçar neste caso? A anterior? Ou a nova? Além disso, mais de vinte países, entre eles três da União Europeia, adotam o uso da medicação como política oficial de combate à doença.

No mundo, existe a doença. Em quase todos os cantos do mundo, existe a doença e uma crise econômica provocada pela doença. No Brasil somos privilegiados: temos a doença, a crise econômica gerada pela Covid e uma guerra política baseada na confusão estabelecida por comprovações pouco comprovadas. Quando é para enfiar o pé na jaca, a gente capricha. Se estivéssemos apenas em uma discussão semântica, o problema seria menor. Mas o que temos hoje são vidas em jogo.

Apesar das ironias e críticas acima, encerro de maneira bastante objetiva. Médicos que decidam não receitar os remédios que estão no centro do furacão merecem respeito. O mesmo respeito que merecem os médicos que adotam o chamado tratamento precoce. Estamos, mais uma vez, tratando de liberdade, algo que parece inconcebível especialmente na cabeça dos que criticam o segundo grupo.

Um bom negócio

A CEEE-D tem novo dono. Ainda faltam burocracias a serem superadas, mas se não surgirem contratempos o grupo Equatorial será o novo controlador da empresa. A modelagem do negócio ainda é alvo de divergências – alguns sustentam que a venda conjunta, com a CEEE-GT, seria mais vantajosa. De qualquer forma, temos um horizonte iluminado pela frente. Os compradores ostentam um histórico positivo na recuperação de empresas à beira do colapso – caso da estatal gaúcha. Após um minucioso trabalho de gestão, conseguem colocá-las em um novo patamar. A Cemar (Maranhão) é um exemplo. Antes da Equatorial, ela figurava entre as piores do país. Hoje está entre as cinco melhores distribuidoras de energia que atuam no Brasil.

Guilherme Baumhardt