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Abuso

Ao defender a prisão de Roberto Jefferson, colegas de imprensa acabam defendendo a censura

Roberto Jefferson cumpre pena em prisão domiciliar | Foto: Ricardo Borges / Folhapress / CP
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Durante meses, o ex-deputado federal Roberto Jefferson utilizou espaços de entrevistas e redes sociais para disparar as mais ferozes críticas a opositores – boa parte delas direcionadas ao Supremo Tribunal Federal e seus integrantes. Não foram raras as vezes em que o político deixou de lado a boa educação e a polidez para utilizar de vocabulário chulo, fazendo, inclusive, insinuações pesadas. A pergunta fundamental: isso justifica a prisão expedida pelo ministro Alexandre de Moraes? Em um país sério, jamais.

No rol das acusações constam: calúnia, difamação, injúria, incitação ao crime, apologia ao crime, associação criminosa e denunciação caluniosa. Todos eles são considerados crimes de menor potencial ofensivo, ou seja, são ações que podem ser respondidas em liberdade. Em algumas das suas manifestações, Jefferson poderia muito bem ser processado sob a alegação de dano moral. Era intrigante que a maioria dos atingidos não levasse adiante a ideia, em especial os ministros do STF. Muitos se perguntavam: afinal, há algo que esse sujeito sabe e que de alguma forma acaba servindo como blindagem?

Se havia um escudo, ele caiu. Ou os ministros pagaram para ver. E no lugar de uma ação reparatória, um pedido de indenização ou coisa que o valha, veio uma ordem de prisão. Não deixa de ser curioso: Roberto Jefferson, réu confesso no escândalo do Mensalão, foi, na época, julgado e condenado, mas não foi parar na prisão. Como a pena era inferior a oito anos de reclusão, ele obteve o benefício de cumprir a sentença em regime semiaberto. Agora, por ligar uma metralhadora verbal, vai parar atrás das grades. Coisa de república bananeira.

A prisão de Bob Jeff, como ficou conhecido nas redes sociais, nos convida a outras reflexões. Uma delas escancara a confusão existente na cabeça de muitos e que, infelizmente, pelo visto permeia redações Brasil afora. Ao defender a prisão do ex-deputado, colegas de imprensa acabam defendendo a censura. Ela escancara também que há uma confusão gigantesca sobre o conceito.

Aqueles que se apressam, por exemplo, em classificar como “censura” o predomínio de uma determinada posição ou linha editorial de um grupo midiático (algo que não impede que o “censurado” manifeste sua opinião em outras empresas ou canais, principalmente em tempos de redes sociais), acabam aplaudindo a decisão do Supremo Tribunal Federal. Aos que ainda não entenderam: censura é o uso da coerção pelo Estado (no seu sentido mais amplo) para impedir a manifestação livre de indivíduos em um espaço público ou privado.

A segunda reflexão na verdade representa muito mais uma expectativa. Agora preso, Roberto Jefferson trará ao grande público informações antes guardadas a sete chaves? O ex-deputado tem mesmo um arsenal contra integrantes do STF? Ou no pôquer político ele estava apenas blefando? Não tenho respostas para as perguntas acima, mas tenho algumas certezas. Roberto Jefferson está longe de ser um “escoteiro”. E de bobo ele não tem nada.

Factoide – mais um?

A Polícia Civil do Distrito Federal concluiu as investigações sobre o caso Joice Hasselmann. O relatório aponta “queda da própria altura”, provavelmente causada por efeitos de medicação – a parlamentar reconheceu que faz uso de remédios para dormir. Ou seja: até aqui, nada de atentado ou crime político. É possível que surjam fatos novos? Sim. Por enquanto, o episódio não passa de um factoide. Se continuar nessa batida, em breve ninguém mais dará ouvidos a Joice. Nem mesmo os mais ferrenhos opositores do atual presidente.

Boa notícia I

O Brasil ultrapassou – proporcionalmente – os Estados Unidos no ranking de vacinados com a primeira dose. Sim, ainda estamos atrás no que diz respeito à segunda dose, fundamental para garantir a proteção completa dos imunizantes. É verdade também que há uma forte resistência em algumas regiões norte-americanas aos imunizantes, mas o dado chama a atenção.

Boa notícia II

Atingimos a marca na primeira quinzena de agosto, quando a maior parte dos imunizantes da Pfizer, por exemplo, ainda não desembarcaram por aqui. Ou seja, o horizonte, neste aspecto, não é o caos desenhado pelos profetas do apocalipse, longe disso. Não há gestão perfeita, o governo é alvo de alguns questionamentos e críticas (sempre saudáveis em democracias), mas o fato escancara o abismo entre a vida real e o fim do mundo projetado por algumas narrativas. Aliás, já que a vacinação caminha com boa velocidade, qual pesadelo produzido por essa turma vai alvejar nossa tranquilidade? As girafas queimadas na Amazônia? Ou a neve que caiu no Brasil, fruto do aquecimento global? Haja paciência...

Guilherme Baumhardt