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Verão

Especial

O impasse ucraniano

Possível confronto militar na fronteira leva países e Otan a mobilizações

| Foto: Anatolii Stepanov / AFP

Três reuniões, em Genebra, Bruxelas e Viena, aconteceram nesta semana entre representantes da Rússia e da Otan, a aliança militar do Ocidente, para discutir o caso da Ucrânia, ponto de divergência que pode levar os dois lados a uma confrontação militar. Algo que ambos os lados dizem não querer, mas que também não arredam pé de suas reivindicações. O caso da Ucrânia remonta ao período da Guerra Fria, quando tínhamos a confrontação entre o Leste, composto pela União Soviética e sua força de defesa chamada de Pacto de Varsóvia. E do outro lado o Ocidente, capitaneado pelos Estados Unidos e integrado ainda por Canadá e países da Europa Ocidental, sob a proteção da Otan, Organização do Tratado do Atlântico Norte. Era o período do chamado “equilíbrio do terror’, pois ambos os lados possuíam armas nucleares capazes de promover uma catástrofe mundial. A Europa Ocidental, capitalista, era separada da Europa Oriental comunista pela chamada “cortina de ferro”. Depois do período mais tenso vivido em 1962 com a “crise dos mísseis”, quando a Rússia tentou instalar mísseis nucleares em Cuba e o mundo viveu uma semana de pânico, as duas potências resolveram respeitar suas respectivas áreas de influência. 

O fim da União Soviética, em 1991, determinou o fim da Guerra Fria e da hegemonia de Moscou sobre seus satélites. Pois a maior parte desses países passou a fazer parte da União Europeia ou da Otan, ou mesmo das duas. Depois que Vladimir Putin assumiu o governo da Rússia, em 2000, e na medida em que foi se fortalecendo, resolveu dar um basta nesse avanço ocidental. E isto se deu justamente quando a Ucrânia se ensaiava para acompanhar seus antigos parceiros de União Soviética que debandaram. Mostrando a que veio, Putin retomou a província da Crimeia, que a Rússia havia dado à Ucrânia na década de 1950, e passou a fomentar movimentos separatistas do Leste da Ucrânia, onde há uma população de origem russa.

O impasse hoje é que o Ocidente insiste no fato de que a Ucrânia, assim como outros ex-integrantes da URSS, tem o direito de escolher se quer ou não fazer parte da Otan ou da UE, enquanto que a Rússia insiste numa declaração ocidental abrindo mão desse objetivo. Na prática, há o aberto apoio militar russo aos separatistas do Leste da Ucrânia, onde se desenvolve uma guerra civil, e ainda ameaça invadir o território ucraniano, tendo concentrado cerca de 100 mil soldados junto à fronteira. O presidente americano, Joe Biden, disse que se a Rússia invadir a Ucrânia sofrerá graves consequências. Em meio ao impasse das negociações desta semana, a Rússia fez uma ameaça que remonta à Guerra Fria: anunciou que poderia mandar armas para Cuba e Venezuela. Ou seja, para dois países que estão na área de influência dos EUA, mas que se identificam politicamente com a Rússia. Assim, depois de três importantes encontros para tentar por um fim ao impasse da Ucrânia, estamos diante de um possível retrocesso histórico.

 

Jurandir Soares