Seguem repercutindo as declarações do general americano Mike Minihan, chefe do Comando de Mobilidade Aérea, afirmando que em 2025 os Estados Unidos travarão uma guerra com a China por causa de Taiwan. Isto aconteceria porque o governo de Xi Jinping iria, finalmente, cumprir a ameaça de tomar a ilha pela força, tendo em vista a não concordância do governo de Taiwan de se aliar com Pequim. Aliar-se é o modo de dizer. O mais correto seria ser engolido pela China continental.
Vale lembrar que essa disputa é resultado da Revolução Chinesa, de 1949, quando Mao Tsé-tung, à frente do exército vermelho, tomou o poder em Pequim, fazendo com que o governo nacionalista de Chian Kai-chek fosse se refugiar em Taiwan. Ficou então um governo comunista no continente e um governo capitalista na ilha. Este sob a proteção dos EUA, que sempre prometeram defender os taiwaneses em caso de ataque.
O vazamento sobre a manifestação do general Minihan ocorreu no último dia 27. Dois dias depois, o deputado republicano Michel McCaul, presidente do poderoso Comitê de Assuntos Exteriores da Câmara, disse à Fox News que gostaria que o general estivesse errado, mas que acreditava na veracidade das informações. “Já disse que as vulnerabilidades econômica e política da China fazem tal conflito improvável, mas, quando um general de quatro estrelas e um dos poucos políticos que eu de fato respeito falam algo assim, sou compelido a rever meu pensamento”, escreveu George Friedman, um dos principais formuladores de geopolítica dos EUA, no site de sua consultoria, a Geopolitical Futures.
Duas questões se impõem: estaria mesmo este ataque por ocorrer em 2025? Os EUA vão se mobilizar militarmente para tentar impedir a China de tomar Taiwan? Quanto à primeira, a notícia parece ser uma manifestação isolada de um militar, a qual mais parece uma ação em nome da indústria armamentista. Ou seja, “vamos comprar armas porque a guerra vem aí”. Nenhum outro estudo aponta nesse sentido. O segundo ponto: os Estados Unidos já estão mergulhados em gastos de trilhões de dólares com a guerra da Ucrânia, a qual não tem previsão de terminar. E quando esta chegar ao fim estarão comprometidos em auxiliar na recuperação da Ucrânia. Então, envolver-se em uma guerra com a China logo ali adiante parece ser algo impensável.
Não se pode esquecer, no entanto, que os EUA há muito estão preocupados com a expansão chinesa no Indo-Pacífico. Pequim tem construído ilhas artificiais no Mar do Sul e as transformado em bases militares. E com isto, avançando em águas territoriais de seus vizinhos, como Filipinas, Malásia, Singapura, Vietnã e outros. A China considera toda essa área como parte de seu mar territorial. Os EUA entendem que se trata de águas internacionais e, em função disto, tem desafiado a China fazendo seus navios de guerra cruzarem por essas águas, Agora vem a informação de que as Filipinas concederam a Washington nesta quinta-feira, 2, maior acesso às suas bases militares. Com isto, os americanos ampliarão a cooperação com o arquipélago em mais quatro instalações, o que eleva o total a nove, na maior presença armada dos EUA no país em cerca de 30 anos. O acordo não prevê presença permanente ou novas bases comandadas apenas por Washington. No entanto, o secretário de Defesa das Filipinas, Carlito Galvez Jr., disse que o governo de Joe Biden pediu para usar instalações em Luzon, maior ilha do país e próxima de Taiwan. Ou seja, a questão de Taiwan está sempre no foco, junto com o expansionismo chinês.
Jurandir Soares