As mulheres da minha terra
guardam diversa estampas.
Enxada aos ombros, na serra,
guardam rebanhos, no pampa.
Altivas em seu silêncio,
as mulheres da minha terra
colocam flores nos jarros
e fogo em armas de guerra.
As mulheres da minha terra
trazem destino antigo.
Se conquistá-las é prêmio,
perdê-las, sempre castigo.
As mulheres da minha terra,
obreiras de sol a sol,
são ardentes e são férteis
sob o árduo lençol.
Com suas rezas e receitas
– o pão, a linha, o corte –
parecem leves e frágeis,
mas são hábeis, duras, fortes.
Os homens nos entreveros,
pencas e reboliços.
Elas, a mesa pronta,
a casa com seus ofícios.
As mulheres da minha terra
bem aprenderam na espera:
podem passar vendavais
que tudo se recupera.
As mulheres da minha terra,
ante o sonho e a solidão,
levam o passado às costas
e os filhos, pela mão.
Correio do Povo