Às especulações, que circulam nos bastidores há algum tempo, de que Eduardo Leite (PSDB), ao ver naufragar os planos de integrar uma chapa presidencial, poderia concorrer ao Palácio Piratini ganharam fôlego. O tucano, que articulava nacionalmente a formação de uma terceira via para tentar a empreitada de quebrar a polarização entre Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT), no entanto, cometeu erros políticos estratégicos nos últimos dias e perdeu espaço. Leite desembarca nesta quarta-feira em Porto Alegre para manter negociações e avaliar o clima eleitoral no Rio Grande do Sul.
Os entraves à eventual candidatura de Leite, que diga-se, segundo interlocutores, tem muitas dúvidas e o temor de perder a eleição em seu Estado, são grandes. As dificuldades passam pelo MDB, que lançou Gabriel Souza como pré-candidato. Hoje, é nula a chance de o MDB abrir mão do protagonismo em favor de Leite. O partido elegeu quatro dos dez governadores do Estado após a redemocratização. O cenário nacional terá impacto nos desdobramentos por aqui.
Por ora, mesmo com Leite fora do páreo, a pré-candidatura de João Doria continua não decolando. A chapa presidencial de uma terceira via seria formada então por Simone Tebet (MDB) e Luciano Bivar (União Brasil). Com Doria fora do páreo, o que deve ocorrer em maio, pois o PSDB não entrará na disputa isolado, Leite até poderia voltar a ter chances nacionalmente. Se tudo der errado, ainda há a possibilidade da presença de Leite na eleição ao Senado, disputa tão complexa quanto que se dará ao próprio governo gaúcho. Leite está em uma encruzilhada. Cometeu alguns erros até aqui e se repeti-los, pode ficar fora da vitrine pelos próximos quatro anos.
Taline Oppitz