As novas máquinas da Fórmula 1 surpreenderam pela variedade de soluções técnicas que os engenheiros trouxeram para o novo regulamento. Mais importante, contudo, mostraram performance parecida a dos antigos carros com o acréscimo de permitir duelos mais próximos por posições. A estrelas do espetáculo, desta forma, geram ainda mais interesse para a temporada, cuja primeira corrida é neste domingo, às 12h (hora de Brasília), no Bahrein.
As expectativas vão muito mais além do que a revanche no duelo entre Max Verstappen e Lewis Hamilton. Holandês e britânico mobilizaram as atenções ao longo de 21 corridas que tiveram todos os ingredientes de um espetáculo que beirou o cinematográfico: talento bruto, estratégia, intriga, reviravoltas, polêmica, acidentes, drama e erros (de pilotagem, das equipes e, o mais grave de todos, de direção de prova). Mas a chamada "geração Drive to Survive", que ganhou destaque no seriado que dramatiza a Fórmula 1 no streaming, também teve seu espaço para mostrar serviço. E ainda ganhou reforço de uma velha guarda afiadíssima.
O próprio heptacampeão, Hamilton, colocou ao menos mais dois times e quatro pilotos na disputa após os testes. "A Ferrari parece a mais rápida, depois Red Bull e a gente; ou talvez a McLaren", projetou. Só aí, já temos Charles Leclerc, Carlos Sainz, Lando Norris e Daniel Ricciardo se juntando à contenda pela Scuderia italiana e o time inglês.
O mexicano Sérgio Perez surge como incógnita no seu segundo ano de Red Bull, querendo ser mais que escudeiro. O mesmo vale para George Russell, que terá sua grande chance na Mercedes, após amargar três temporadas na complicada Williams. A aposta britânica já decorou até o manual de imprensa da nova casa alemã, empurrando o favoritismo para os rivais. "Talvez a gente ainda não tenha o mesmo potencial de Red Bull e Ferrari. Mas os caras vão achar um jeito de liberar o potencial na fábrica", comentou na pré-temporada.
Depois de liderar dias e mais dias de treinos com a Scuderia, Sainz rechaçou o pessimismo da Mercedes. "É típico deles. Botar os outros lá para cima, pessimismo, chegar na primeira etapa e detonar todo mundo", comentou. Ele e Leclerc, contudo, não conseguiam disfarçar os sorrisos e a confiança transbordando de uma Ferrari que é, sim, muito melhor que as nascidas em 2020 e 2021.
O campeão, por sua vez, vai levar o número 1 sem disfarçar confianças, mas evitando o excesso dela também. "Conseguimos tempos rápidos sem forçar o máximo do carro. Aprendemos muito e evoluímos todos os dias", relatou. Ele descartou, entretanto, que a Red Bull esteja claramente à frente de Ferrari e Mercedes.
Sem mostrar todo o potencial que as três gigantes, McLaren e Alpine mostraram em momentos diferentes que podem incomodar e beliscar seus pódios com Lando Norris, Daniel Ricciardo, Fernando Alonso e Esteban Ocon. A equipe britânica foi muito bem, a mais rápida em metade dos treinos de Barcelona, mas enfrento problemas sérios de freios no Bahrein. Com reparos emergenciais, pode demorar a engrenar. Já a turma francesa iniciou muito discreta e mostrou apenas no último dia a que veio. A grande aposta de Alonso e Ocon é no novo motor, com uma configuração completamente transformada e que promete dar a força que faltou nas retas em 2021.
Agora as apostas já foram lançadas, apenas a largada deste domingo é que dará as respostas concretas. Serão 20 pilotos querendo ser os donos do pódio, alguns já mais favoritos que os outros.
Max Verstappen
Foto: GIUSEPPE CACACE / AFP / CP
O holandês vai ostentar o número 1 na Red Bull com a perspectiva de disputar vitórias já na primeira corrida. Na defesa do título, tenta evitar favoritismo e descarta que a rival Mercedes tenha as dificuldades relatadas. Terminou os testes como mais rápido: "Todo ano faço minha temporada tentando superar todos os outros".
Lewis Hamilton
Foto: KARIM SAHIB / AFP / CP
Depois do "retiro espiritual" em completo silêncio nas férias, Sir Lewis avisou que está "mais perigoso do que nunca". De olho na revanche pelo octa, o britânico trabalha para superar as dificuldades de acerto da Mercedes. Exalta o potencial do W13 na luta pelo título, mas afirma que o time ainda não está pronto para vencer.
Carlos Sainz
Foto: MAZEN MAHDI / AFP / CP
As câmeras passam a maior parte do tempo grudadas em Charles Leclerc, mas no box ao lado está um cara que enfrentou uma geração estrelas e deixou sua marca. A Ferrari, muito melhorada, deve levar o espanhol à sua primeira vitória e não é carta fora do baralho na luta do título.
George Russell
Foto: GIUSEPPE CACACE / AFP / CP
Será que chegou a hora de a promessa George virar realidade nas disputas dos líderes da F1? O britânico vai ter de comprovar a velocidade dos tempos da cambaleante Williams e mostrar que os erros são coisa do passado. Mais difícil ainda, pois na garagem ao lado terá Sir Lewis Hamilton para medir sua força.
Lando Norris
Foto: GIUSEPPE CACACE / AFP / CP
Muitos apostaram que ele tiraria a McLaren da fila de vitórias. Quase foi, mas um erro de avaliação tirou o troféu das suas mãos no GP da Rússia. Viu o colega Ricciardo cumprir a profecia que era para ser dele, recuperou-se e terminou o ano como o melhor do time. A pressão é maior do que nunca, mas qualidade tem.
Fernando Alonso
Foto: MAZEN MAHDI / AFP / CP
O bicampeão teve um retorno fulgurante à F1 e reacendeu o potencial da Renault, agora transformada em Alpine. Ele e o time francês vão precisar de um salto maior para concretizar o tal "El Plan" que tanto citaram em 2021. A pré-temporada foi discreta, mas há uma confiança de bastidores.
BERNARDO BERCHT