Para a imensa maioria dos associados do Inter, inclusive aqueles que pagaram as suas mensalidades até durante a estada do clube na segunda divisão, não há ingressos para Inter x Athletico Paranaense, amanhã, no Beira-Rio. Ele terão de ver a final da Copa do Brasil pela televisão, no melhor das hipóteses. Porém, alguns destes ingressos que poderiam ser usados por sócios estão na mão de cambistas que os vendem por até R$ 1 mil.
O Correio do Povo entrou em contato por meio de mensagens com um destes cambistas. Ele confirmou ter entradas para a final da Copa do Brasil e ofereceu opções de vários locais do estádio. Citou nominalmente as arquibancadas inferior e superior, além de lugares nos camarotes – que são comercializados pela Brio, que é a parceira do Inter na administração do estádio. Disse também que tinha ingressos de “cortesia”, aqueles que o clube normalmente repassa a empresas parceiras ou patrocinadores, e de associados, ou seja, as carteirinhas já com o check in realizado no site do clube. Ouça ao áudio no vídeo ao final da matéria.
O homem contatado pelo CP na manhã dessa segunda-feira, cuja identidade será mantida em sigilo, pediu que, a fim de reservar os ingressos, fosse feito um depósito na conta bancária dele. Informou que o pagamento poderia ser feito, inclusive, com cartão de crédito. A partir do momento que a negociação evoluiu o suficiente para comprovar a existência de fato dos ingressos, a reportagem não fez mais contatos com o cambista.
O Inter reagiu com indignação à informação, mas não soube precisar a origem dos bilhetes oferecidos pelo cambista. “Não imprimimos ingressos para este jogo porque não houve venda. Só imprimimos aqueles que foram destinados a empresas parceiras e patrocinadores. Talvez esses ingressos sejam deste lote”, diz o vice-presidente de administração do Inter, Alessandro Barcellos.
Ele lembra que o clube não vende ingressos para camarotes, área de uso e exploração da Brio. O dirigente diz que esse tipo de informação está sendo repassada pelo clube à Polícia Civil e à Brigada Militar, que estariam investigando a ação dos cambistas. “Estamos atuando para coibir esse tipo de comportamento. Vamos buscar a responsabilização de quem ou qual empresa repassou os ingressos para esses cambistas. E, se descobrirmos, vamos divulgar quem foi”, continua Barcellos.
A Brio, que administra cerca de 7,5 mil lugares no estádio desde a sua reforma, afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que vende seus ingressos pelos meios oficiais. Ou seja, pela internet e na bilheteria do estádio (se houver disponibilidade). Disse também que repudia a ação dos cambistas e que toma providências para coibi-la.
Fabricio Falkowski