Segundo a Ansa Brasil, seria a última tentativa de Malagòi de reverter a decisão da prefeita, que já era prevista desde que ela foi eleita, em junho passado, apesar dos apelos de cartolas, atletas e do primeiro-ministro Matteo Renzi. O encontro estava marcado para o começo da tarde na Itália, mas, depois de uma espera de 35 minutos, a delegação do Coni deixou Campidoglio em protesto contra a atitude da prefeita.
"É irresponsável dizer sim a essa candidatura. Falamos isso com força em 2015, reiteramos na campanha eleitoral e dizemos agora. Nunca mudamos de ideia", afirmou Virgina, ao lembrar que os romanos ainda pagam 1 bilhão de euros da dívida relativa aos Jogos de 1960, realizados na capital italiana.
"Sonho que se torna pesadelo"
A prefeita de Roma disse que não tem nada contra a Olimpíada, mas ressaltou que os Jogos viraram um negócio. "Não às Olimpíadas dos tijolos. Na prática, elas são uma espécie de cheque em branco assinado pelos países-sede. A Olimpíada é um sonho que se torna pesadelo. É um negócio para os grandes lobbies, os grandes construtores."
Virginia também citou o caso do Rio de Janeiro, que acaba de sediar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos: "Não temos dados do Rio, mas temos nos olhos as imagens dos habitantes do Rio."
Com a confirmação da desistência de Roma, o gabinete da prefeita deve discutir na semana que vem uma moção para retirar formalmente o apoio do Campidoglio à candidatura, o que, na prática, enterrará o projeto olímpico da cidade.
Primeira prefeita eleita em Roma, Virginia tem 37 anos e representa o Movimento 5 Estrelas (M5S), partido populista antissistema que faz oposição ao governo de centro-esquerda de Renzi. O M5S sempre criticou a candidatura, e Virginia, durante a campanha eleitoral, chegou a dizer que era "criminoso" pensar em Olimpíadas enquanto a capital "morre afogada em trânsito e buracos".
A candidatura da capital italiana havia sido oficializada em 11 de setembro do ano passado, quando o prefeito ainda era Ignazio Marino, de centro-esquerda, que foi derrubado meses mais tarde após ter perdido o apoio de seu próprio partido, o PD, liderado por Renzi. A queda de Marino fortaleceu o desencanto da população com as legendas tradicionais e deu combustível para a vitória de Virgina Raggi nas eleições antecipadas de junho deste ano, quando ela também proporcionou ao M5S o maior triunfo de sua história.
Com a saída de Roma, permanecem na disputa pelos Jogos de 2024 as cidades de Budapeste, Los Angeles e Paris. A prefeita da capital francesa última, Anne Hidalgo, já tentou aproveitar a ocasião para cobrar o apoio de todos os candidatos à presidência à candidatura de Paris. "O consenso político é um elemento decisivo", afirmou Anne Hidalgo. A cidade-sede dos Jogos Olímpicos de 2024 será anunciada em setembro de 2017, em Lima.
Agência Brasil