Nos últimos cinco anos, um longo caminho foi percorrido por Messias, acostumado a cruzar grandes distâncias. Tudo começou quando ele foi alcançado por um projeto social da Federação de Triathlon do Ceará (Fetriece) ainda criança, na comunidade em que vivia. Dois anos depois, aos 14, foi selecionado pelo Sesi e se mudou para o interior paulista para defender as cores do clube de São Carlos. Chegou à Seleção Brasileira júnior e, este ano, se tornou campeão brasileiro e pan-americano da categoria. “O triathlon transformou minha vida. Comecei de brincadeira, com meus primos. Nunca tinha corrido. Peguei gosto, vi que levava jeito e fui atrás”, contou, em meio aos abraços dos parentes e amigos.
Parelha durante os 1,5 mil metros de natação e 40 quilômetros de ciclismo, a prova de sábado começou a ser decidida no segundo dos 10 quilômetros de corrida, quando Messias apertou o ritmo e começou a se destacar do restante do pelotão, fechando a prova em 2h01min15s. Deixou para trás até o maior nome atual do triathlon brasileiro. Diogo Sclebin, 44º na Olimpíada de Londres e muito cotado para representar o Brasil também nos Jogos do Rio, chegou em segundo lugar, em 2h01min34s, mas com motivo para comemorar. Com o desempenho em Fortaleza, ele alcançou a pontuação necessária para garantir com antecedência o título do Circuito Sesc 2014, seja qual for o resultado da última etapa, que será disputada no Rio Grande do Sul.
Satisfeito com a performance e com a conquista, Sclebin não teve nenhum receio de elogiar Messias, o novo concorrente que o superou já no primeiro encontro. “Pela temporada que ele fez e pelo cansaço acumulado de várias competições desgastantes que eu sentia, eu sabia que ele seria o meu principal adversário e seria uma pedreira. Apesar de iniciante, é o que está melhor na corrida atualmente, e vem numa crescente muito boa. É uma promessa do nosso esporte em nível olímpico. Acho que para 2016 ainda não, mas para 2020, com certeza”, afirma o carioca de 32 anos sobre o novato de 17.
De Fortaleza para Tramandaí
Entre as mulheres, Carol Furriela foi a primeira e também garantiu o título antecipado do Circuito Sesc. Flavia Fernandes terminou em segundo lugar. As duas estão entre os principais nomes do triathlon feminino brasileiro.
A festa, porém, não foi somente da elite. Ao todo, 417 atletas participaram da prova. Oito categorias se revezaram nas largadas na Praia de Iracema, incluindo o Paratriathlon, cujos participantes foram um show à parte. Correndo com muletas, nadando com apenas um braço ou pedalando com apenas uma perna, eles deram uma lição de disposição e arrancaram aplausos entusiasmados do público.
Quase todas as categorias percorriam a metade das distâncias da elite, o chamado Sprint, com 750 metros de natação, 20 km de ciclismo e 5 km de corrida, com exceção da Amador Olímpico, que faz o mesmo percurso dos profissionais.
Agora, o Circuito Sesc viaja mais de 3 mil quilômetros, deixando para trás as águas verdes do litoral nordestino e desembarcando no turvo e gelado mar gaúcho. Tramandaí será a sede da sétima e última parada desta celebração do esporte, em 23 de novembro.
Amauri Knevitz Jr. / Correio do Povo