A pimenta não arde só quando cai em olhos alheios. O mesmo vale para as redes sociais. Quando a provocação é direcionado ao outro, ok. Quando ocorre o contrário, há problema e reclamação. O tema, inclusive, ganhou novos contornos no final de semana, quando as contas do Inter provocaram os gremistas em uma série de postagens antes e após a vitória no clássico 440, no Beira-Rio. O presidente Alberto Guerra criticou a postura e disse que não autorizava medida semelhante por parte do Grêmio. Seu igual colorado, Alessandro Barcellos, esquivou-se do assunto, mas lembrou que já foi alvo da chacota gremista em outros momentos.
As redes sociais, porém não são exatamente um campo onde vale tudo. Segundo o especialista em comunicação e gestão de reputação no esporte, Vinicius Lordello, as provocações são inerentes à internet, mas há limites que precisam ser observados. “A provocação é saudável e até importante para o futebol. Mas ela não pode descambar para a violência e a agressividade”, defende.
Foto: Reprodução / Redes Sociais
A pedido do CP, Lordello analisou algumas postagens recentes da Dupla e sentiu um tom agressivo além do recomendável, especialmente na postagem que o Inter faz alusão aos rebaixamentos tricolores (reprodução acima). “Ela foi agressiva. Ela não enalteceu a própria história, mas agrediu o rival. As provocações geram engajamento e existem, fazem parte das redes sociais. Mas essa postagem foi uma espécie de agressão institucional”, continua Lordello.
Importante ressaltar que houve uma mudança de postura por parte do Inter nos últimos meses. Antes, o clube adotava uma linha mais respeitosa, tanto que não provocou o Grêmio quando surgiu a melhor oportunidade para fazê-lo, que foi na queda para Série B. Por outro lado, viu os perfis gremistas não pouparem os colorados de farpas em vários momentos dos últimos anos. Até dancinha e música sobre um “minuto de silêncio para o Inter que está morto” teve. Mais recentemente, nas horas seguintes à queda colorada na Libertadores, na última quarta-feira, o Grêmio publicou a imagem de Luan com a taça da Libertadores fazendo alusão ao tri.
“Se você agride outro clube na rede social, você precisa admitir ser agredido também. E é aí que a rede social vira terra de ninguém”, lamenta Lordello. Oficialmente, a pedido de Guerra, os tricolores dosaram melhor o tom de suas postagens. Mas não há essa promessa no lado colorado. Aliás, a postura mais agressiva foi adotada após cobranças por parte da torcida. Talvez, ela tenha esquecido que a máxima da pimenta.
Fabricio Falkowski