“Eu me sinto feliz em fazer parte da união da tecnologia com as artes”, sorriu o maestro João Carlos Martins, enquanto recebia os primeiros aplausos na abertura da 21ª edição do Futurecom, em São Paulo. Segundos antes, ele regera 36 músicos da Orquestra Filarmônica Bachiana Sesi-SP com a ajuda de um dispositivo robótico, que o auxiliou nas viradas das páginas da pauta do programa.
Pode parecer simples, mas não para o maestro. Um dos principais músicos brasileiros contemporâneos, Martins sofre há décadas com problemas nos nervos no braço e nas mãos, o que o impede de tocar a pleno o instrumento que o consagrou, o piano. Neste ano, uma nova cirurgia reduziu ainda mais o movimento de suas mãos. Até por conta dessas dificuldades, trocou, 15 anos atrás, o piano pela regência.
Ainda assim, o uso das mãos “a quem vive de música”, como frisou ele, é rotineiro. O maestro precisa virar as páginas em certas músicas que não sabe a partitura de cor. Agora, porém, está acompanhado por um robô que, a seu comando, troca as páginas das pautas: “Vocês não imaginam a minha emoção, porque é uma dificuldade virar as páginas, já que eu só tenho o movimento dos polegares”, contou o maestro, que deu até nome para o novo amigo: Joquinha.
A apresentação no Futurecom foi a estreia de Joquinha nos palcos. E a carreira promete. Conforme o maestro, o plano é ter o dispositivo ao seu lado na apresentação que planeja para o ano que vem, em comemoração aos seus 80 anos, no palco do Carnegie Hall, em Nova Iorque.
Interferências como essa, da tecnologia na vida humana, que o Futurecom pretende abordar ao longo desta semana, em São Paulo. Empresas que atuam na transformação digital em nível global estarão em estandes e auditórios montados na São Paulo Expo até a próxima quinta-feira, debatendo e apresentando novidades sobre soluções digitais.
Em tempos de crise, a transformação digital projeta expansão, conforme o CEO da Informa Markets, Marco Basso: “Esse é um mercado que terá R$ 345 bilhões em investimentos até 2020”.
Tiago Medina